Ora-pró-nóbis, serralha, tanchagem, citronela, dente de leão, picão, físalis. Você provavelmente já passou por uma dessas plantas e talvez até tenha comido alguma delas, mas não se deu conta ou não guardou seus nomes. As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) estão por toda a parte e ganham cada vez mais espaço no prato da população, iniciando (de forma ainda lenta, incipiente) uma verdadeira transformação da cultura alimentar, hoje concentrada em supermercados de médias e grandes cidades.
Segundo o livro “Plantas alimentícias não covencionais no Brasil”, existem mais de 30 mil espécies vegetais que possuem partes comestíveis em todo o mundo. Entretanto, 90% de toda a alimentação do planeta vem de apenas 20 espécies, resultando numa perda de diversidade e sabores. 
Por isso, é crescente o número de pessoas que têm buscado resgatar hábitos alimentares tradicionais, devolvendo ao prato do brasileiro (inclusive pratos da chamada alta gastronomia) aquelas plantas que geralmente são confundidas com ervas daninhas ou matinhos, que crescem espontaneamente em quintais, jardins, bosques ou misturadas a canteiros da hortinha no quintal de casa.
Em Curitiba, o engenheiro agrônomo Marcelo Silvério, mestre em Ciências do Solo, estuda há mais de 15 anos as PANCs da região. No Sítio Ilha do Sapo, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, ele cultiva mais de 200 espécies dessas plantas, grande parte delas espontâneas e que fazem parte da flora local.

“Muito (do que sabemos sobre PANCs) vem da cultura popular. Então, em grande medida, nosso trabalho é um resgate da cultura de nossos ancestrais”, explica Marcelo. “Hoje pisamos em comida e no entanto ainda há pessoas que estão morrendo de fome. O alimento está aí, o que falta é conhecimento e romper a barreira dos mercados”, complementa.
Ainda segundo Marcelo, se as pessoas conhecessem mais essas plantas seria possível se economizar (e muito) com transporte, defensivos e até mesmo com compras, já que aquilo que muitos já têm no quintal de casa acabaria por substituir as compras no mercado. “A agricultura urbana está ajudando a trazer isso de volta e é algo que nos dá esperança. As pessoas não sabem que dá para produzir muita coisa no quintal de casa. É incontável (as espécies de PANCs), as possibilidades são infinitas”, diz.
 

 


Curitiba recebe o 1º Ciclo PANC a partir de amanhã
A Casa Paralela, no Centro de Curitiba, irá promover hoje e no dia 1º de setembro, o primeiro Ciclo PANC, que tem como intuito apresentar ao público as novas plantas que podem ajudar a renovar nossa alimentação de forma responsável, adequada e saudável. 
Dividido em duas etapas, o evento irá fazer uma espécie de introdução às PANC amanhã, das 19h30 às 20h30, resgatando estudos aplicados à identificação de plantas nativas e tradicionalmente utilizada como alimento e medicina pelos povos ancestrais. Na segunda etapa, em 1º de setembro (das 10 às 15 horas), será trabalhado o manejo e degustação de PANC, abordando meios de cultivo e multiplicação em pequenos espaços com manejo diversificado pensado para quem vive na cidade. Além disso, um chef irá produzir pratos e quitutes para degustação, em uma aula interativa.
O Ciclo PANC acontece na Casa Paralela, Rua Benjamin Constant, 400 e 1/3, no centro de Curitiba. As inscrições são realizadas pelo e-mail [email protected]. Para participar da primeira etapa, é cobrado um valor de R$ 50, enquanto a segunda sai por R$ 150. Interessados nas duas etapas podem solicitar o desconto Pacote PANC por R$180,00.