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Neil Diamond, lembra dele? O cantor de hits como ‘Sweet Caroline’, ‘I’m a Believer’ e ‘I Am I Said’ completa 78 anos neste dia 24. Neil Diamond, de certa forma, é o pináculo de um tipo de músico que havia em profusão nos anos 60 e 70, com letras melosas e um estilo meio balada que variava do folk ao country – uma contrapartida ao rock da contracultura da época, experimentalista e politizado. Outros exemplos são B. J. Thomas, Don McLean, Barry Manilow e Kenny Rogers. Os cinco têm muita coisa em comum: consagraram-se como cantores românticos, fizeram sucesso há tempos (anos 60 e 70), gravaram pelo menos um super hit e hoje estão meio sumidos, mas ainda vivos – e ligados à música.

Nascido em Nova York em 1941, Neil Diamond queria ser cantor de igreja. Mas, como era judeu, não passou nem perto. Aprendeu a tocar tarde – somente aos 16 anos, após receber uma guitarra de presente no seu aniversário – mas conseguiu lançar suas composições relativamente cedo. Emplacou seu primeiro sucesso aos 24 anos –‘Sunday and Me’ – e depois seguiram-se músicas como ‘I´m a Believer’, ‘Sweet Caroline’, ‘Cracklin’ Rosie’, ‘You Don’t Bring Me Flowers’ (dueto com Barbra Streisand), ‘Hello Again’ e ‘Comin’ to America’. Compôs, cantou e gravou a trilha sonora do filme ‘Jonathan Livingstone Seagull’ (no Brasil, Fernão Capelo Gaivota), de 1973, pela qual ganhou o Globo de Ouro de melhor trilha sonora. E assinou composições que não fizeram tanto sucesso com ele quanto na voz de outros intérpretes. ‘Sweet Caroline’, por exemplo, foi gravada por ninguém menos que Elvis Presley – que também gravou ‘And The Grass Won’t Pay No Mind’. ‘Red Red Wine’ ganhou uma versão mais reggae com a banda UB40. ‘Girl You’ll be a Woman Soon’ estourou como hit do filme ‘Pulp Fiction’, já nos anos 90, com Urge Overkill – poucos sabem que é uma música de Diamond. O cantor ainda foi, de certa forma, homenageado no filme ‘Mulher Infernal’, em que os atores Steve Zahn, Jason Biggs e Jack Black têm uma banda de Neil Diamond cover. O próprio cantor aparece no longa, e todas as suas falas são títulos de composições dele mesmo.

Enquanto Neil Diamond já era um sucesso em 1969, o cantor Billy Joe Thomas – ou B. J. Thomas – estourava com ‘Raindrops Keepin’ Falling on my Head’, que estava no filme ‘Butch Cassidy and the Sundance Kid’. A música ganhou o Oscar e lançou B. J. Thomas ao estrelato. Ele ainda emplacou mais dois hits, ‘Oh Me Oh My’ (1971) e ‘Rock And Roll Lullaby’ (1972), que no Brasil era tema de abertura da novela ‘Selva de Pedra’. Embora tenha ganho cinco prêmios Grammy na categoria Gospel – e nunca tenha parado de cantar– , B. J. Thomas, que hoje está com 76 anos, nunca mais conseguiu um hit como aqueles do início da carreira.

Coisa similar aconteceu com Don McLean. Ele estourou com ‘American Pie’, uma música folk-pop de mais de oito minutos, com letra enigmática e que lamenta “o dia em que a música morreu”. Estudiosos dizem que é uma referência ao acidente aéreo que vitimou Buddy Holly (de ‘Peggy Sue’) e Ritchie Valens (de ‘La Bamba’). O próprio autor não nega nem confirma. “Sinto deixar todos vocês assim no escuro, mas descobri há muito tempo que compositores devem se expressar e seguir em frente, mantendo um silêncio respeitoso”, declarou, certa vez. Seja como for, ‘American Pie’ atingiu o topo das paradas americanas, foi regravada por Madonna, virou nome de filme, tornou-se ícone. E nunca mais Don McLean, hoje com 73 anos, emplacou outro sucesso desses, embora assine músicas como ‘Vincent’ e ‘Castles in the Air’, também razoavelmente populares.

Um pouco mais tardio, Barry Manilow conseguiu uma carreira mais sólida como cantor e compositor. Embora sempre tivesse esse desejo, ele começou por acaso, com um emprego de office boy na gravadora CBS. Um dia, pediram-lhe para procurar canções de domínio público para a adaptação do melodrama musical ‘The Drunkard’. Ao invés de seguir as ordens, Manilow compôs uma trilha inteira. E fez sucesso. Como cantor, porém, só estreou em 1973, como o disco ‘Barry Manilow I’. O disco seguinte, ‘Barry Manilow II’, trazia o que viria a ser seu primeiro super hit, ‘Mandy’. Com gravações de músicas como ‘Ships’, ‘Somewhere Down the Road’, ‘Copacabana’ e ‘Can’t Smile Without You’, ele ainda se sobressaía até os anos 80, mas foi perdendo fôlego. Manilow, hoje com 75 anos, ganhou as manchetes novamente em 2016, mas não por causa da música: ele se assumiu homossexual – embora sua orientação sexual fosse alvo de questionamentos desde 1983. Nada que interferisse em seu prestígio.

Prestígio é algo que Kenny Rogers só conheceu mesmo com quase 50 anos. Isso porque ele foi um dos líderes do grupo USA for Africa, que em 1985 teve como objetivo ajudar as vítimas da fome na África. A canção que deu início a essa organização foi ‘We are the World’, escrita por Michael Jackson e Lionel Richie. Até então, Rogers era apenas um cantor country, com uma discografia que começou em 1976. Na área da música romântica, consagrou canções como ‘She Believes in Me’ e ‘You and I’, que integraram trilhas de novelas no Brasil. Ele é o mais velho da turma: está com 80 anos.

Embora sem o mesmo sucesso de outrora, todos os cinco ainda se mantêm ativos. B. J. Thomas se dedica à música cristã. Don McLean ainda lança discos – o último foi ‘Botanical Gardens’, de 2018. Barry Manilow e Kenny Rogers ainda fazem shows. Neil Diamond, por sua vez, está fora dos palcos. Há exatamente um ano, em 22 de janeiro de 2018, ele declarou que está com mal de Parkinson e que, por isso, não se apresenta mais ao vivo. “É com grande relutância e desapontamento que anuncio a minha retirada. Foi uma honra levar os meus espetáculos até ao público nos últimos 50 anos”. Mas apenas os shows estão fora dos planos. “Planejo continuar ativo na escrita, nas gravações e noutros projetos por muito tempo”, finalizou.