Dálie Felberg/Alep – Justus: deputado disse que desistiu da disputa para não causar constrangimento em colegas

O deputado estadual Nelson Justus (DEM) desistiu hoje de disputar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) – a mais importante da Assembleia Legislativa – com o deputado estadual Fernando Francischini (PSL). Justus, que preside a comissão há anos, desde que deixou a presidência da Assembleia, em 2011, em meio ao chamado escândalo dos “Diários Secretos”, renunciou à disputa diante da derrota iminente, na eleição que está marcada para amanhã. Na semana passada, sete dos 13 indicados para compor a comissão assinaram documento declarando voto em Francischini, incluindo o líder da base do governo Ratinho Júnior (PSD), deputado Hussein Bakri (PSD).

Com isso, além de seu próprio voto e do líder governista, o deputado do PSL conta com o apoio também dos deputados Delegado Jacovós (PR), Evandro Araújo (PSC), Homero Marchese (PROS); Marcio Pacheco (PPL), Paulo Litro (PSDB); e Tião Medeiros (PTB). Como o deputado Tadeu Veneri (PT) já anunciou que vai se abster na eleição, Justus só poderia contar com quatro votos – o dele mesmo e de outros três parlamentares.

Justus ainda tentou articular para que a votação fosse secreta, avaliando que com o sigilo, poderia atrair mais votos. Mas o 1º vice-presidente da Assembleia, deputado Plauto Miró Guimarães (DEM), responsável por conduzir a votação, anunciou hoje que ela seria aberta.

Apesar do governador Ratinho Júnior afirmar oficialmente que não iria interferir pessoalmente na disputa interna do Legislativo, Francischini garantiu a maioria para conquistar a presidência da comissão com o apoio da base do governo.

Constrangimento – Em um raro discurso no plenário da Assembleia, Justus afirmou hoje que se retira da disputa para não causar constrangimento para os colegas. “Participei de 16 eleições. Nunca perdi uma. Ganhei todas. Três, inclusive, aqui na Casa. E o mais interessante, até para os novos, tinha uma lista com 34 assinaturas, delegado Francischini. Na hora que abriram as urnas ele tinha 17 votos. E eu não guardei mágoa alguma disso. Mas isso aconteceu”, afirmou, referindo-se à sua eleição para a presidência da Assembleia em 2017. “O que eu quero evitar é que se criem situações de desconforto, até porque eu não nasci presidente da Comissão de Constituição e Justiça. Mas sim empresário, advogado e professor”, alegou.

“Enquanto eu fui presidente da CCJ, jamais houve uma grosseria com quem quer que fosse”, afirmou o parlamentar, em uma clara “indireta” em Francischini, conhecido pelo temperamento controverso.

Justus deu a entender ainda que os deputados indicados para a comissão foram pressionados pelo governo para votarem em Francischinin. “Há momentos na vida que pede para recuarmos para avançar depois. Eu não tenho o direito de prejudicar aqueles companheiros que são sinceros e que olhavam os meus olhos e diziam: ‘o meu voto é teu. Eu quero você na CCJ. Mas eu não posso’”, alegou.

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