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Uma das bandas mais longevas e queridas do rock nacional, o Nenhum de Nós retorna a Curitiba neste sábado (14), para apresentar o show de seu mais recente EP, ‘Doble Chapa’. A volta do grupo gaúcho a terras curitibanas se dá cerca de um ano depois de um badalado show na Ópera de Arame, em comemoração aos 30 anos de carreira. Desta vez, o show será no palco Teatro Positivo (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), às 21h15 de sábado. Em conversa com o Bem Paraná, Thedy Corrêa, o vocalista e baixista do Nenhum de Nós, contou sobre as novidades do show e sua relação com o público curitibano, entre outros assuntos.

Bem Paraná — O Nenhum de Nós está na estrada há 32 anos. Durante todo esse percurso, quais foram as maiores conquistas e, consequentemente, os maiores problemas enfrentados pela banda nesse tempo todo?
Thedy —
Vamos começar pelos problemas (risos): todo o processo de amadurecimento, e a busca em encontrar o verdadeiro público da banda. Esses foram os problemas e desafios que enfrentamos em todos esses anos de estrada. Quando nós surgimos, conseguimos um espaço relevante, mas logo no início da década de 90, o rock perdeu um pouco do espaço que tinha na década anterior. Isso acabou resultando em uma perda de espaço também para a nossa banda. Apesar disso tudo, a gente foi conquistando boas etapas nesse processo todo: em 1994, realizamos o nosso primeiro acústico (e um dos primeiros, nesse modelo, no país); começamos a tocar em teatro, o que facilitou e muito para que conseguíssemos construir o nosso modelo atual de banda. Mas a maior conquista, dentro de toda essa trajetória, foi a ligação que construímos com o público. Isso se fortaleceu a cada ano.

Bem Paraná — O novo EP do Nenhum de Nós se chama ‘Doble Chapa’ e é uma referência às pessoas que vivem na fronteira próxima ao Uruguai. O quão próximo é a interação da banda com outras culturas?
Thedy —
Como latino-americanos, a gente sempre teve interesse pelos folclores, não só gaúchos, mas argentinos, chilenos, uruguaios, como componente musical da nossa banda. Uma vez, em uma viagem para tocarmos na China, fizemos pesquisas e desenvolvemos mais a fundo esse interesse por outras culturas. Até aprendemos, depois, a tocar instrumentos como reco-reco e cítara, e isso influenciou o som do Nenhum. Assim como os Paralamas, pra citar um grupo da mesma época, baseamos nossos repertórios nessa variedade de sons, pra remodelar a nossa identidade. 

Bem Paraná — Por qual motivo vocês decidiram lançar um EP, ao invés de um CD?
Thedy —
Foi um motivo natural, na verdade. Tivemos uma parceria com um artista do Uruguai, Frederico Lima, com a música ‘Una Vida Ordinária’, e regravamos as canções ‘Fã de Faith No More’, do Socio, e ‘O Aprendiz’, do Cuarteto de Nos. Como a interação foi extremamente positiva, decidimos realizar o lançamento do EP, pra celebrar esse processo todo e o encontro espontâneo com o Frederico. Sem contar que o processo de gravação de um CD demora meses, e um EP pode ser finalizado de maneira bem mais rápida.

Bem Paraná — Há pelo menos 25 anos, a banda segue com a mesma formação. Ao que você atribui o convívio duradouro e o fortalecimento da parceria?
Thedy —
Atribuo à sorte. Encontrar pessoas que acreditam na ideia de uma banda, na relevância e na crença no que se faz, é algo que nem sempre acontece. Encontrar pessoas que compartilham dos mesmos interesses que você, que se alimentam desse trabalho com a música. Enfim, o processo de trabalhar com música, ao lado de pessoas que acreditam nisso.

Bem Paraná — Diante do cenário atual da política brasileira, você acha necessário o uso de letras politizadas? Ou você percebe que o público de rock está buscando um tipo de consumo diferente em relação às ideias abordadas nas músicas?
Thedy —
O Nenhum de Nós já teve um comportamento mais politizado, mas é difícil trabalhar em cima disso, pois os integrantes da banda nem sempre possuem ideias unificadas em matéria de política. Então, preferimos focar no aspecto social, em detrimento do político. Acreditamos que, dentro dessa pluralidade de ideias dos integrantes, é o mais correto a se fazer.

Bem Paraná — O Nenhum de Nós volta e meia realiza shows em Curitiba, sempre com boa repercussão. Como é a relação da banda com os fãs curitibanos? Possui alguma lembrança das passagens por aqui?
Thedy —
O namoro com Curitiba foi longo, e a conquista pra “pegar” o público daqui, foi demorada. Todo esse caminho que traçamos pra seduzir os fãs daqui, é a grande lembrança que eu carrego. E coroamos isso de uma maneira muito especial, no ano passado, quando tocamos na Ópera de Arame. Ali nós selamos de vez a nossa união com o público curitibano.

Bem Paraná — E quais as novidades que você pode adiantar sobre o show de sábado? Alguma música que não era tocada antes, e que vai fazer parte do repertório?
Thedy —
Nós sempre damos importância ao que os fãs pedem nas nossas redes sociais, pra verificar o que eles sentem falta. Então, em todos os nossos shows, tocamos uma ou outra música que os fãs pedem. E no show de sábado não deve ser diferente, vamos seguir essa mesma premissa.