Divulgação/Site oficial Cazuza – Cazuza em meados dos anos 80.

O poeta que não aprendeu a amar, e que foi ao inferno e voltou. Usando esses dois trechos, das canções "Malandragem" e "O Poeta Está Vivo", conseguimos traçar uma ideia da intensidade e da coragem de Agenor Miranda de Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza. O cantor e compositor, que morreu precocemente em 1990, faria 60 anos nesta quarta, 04 de abril. Mas, como todo BOM artista (sim, o bom em letras garrafais mesmo), ele conseguiu, com menos de uma década de carreira, deixar como legado uma obra que encantou, contestou e, principalmente, embalou a vida de muitos brasileiros.

Filho de João Araújo, todo-poderoso da gravadora Somlivre, e de Lucinha Araújo, Cazuza (ou Caju para os íntimos) foi tido, por muitos, como um filhinho de papai mimado e rebelde. Mas, além dessas características, foi um jovem contestador, antenado, perspicaz e com uma sensibilidade fora do comum para traçar um panorama da realidade sociopolítica do Brasil e explorar, através de canções doloridas, toda a gama de sentimentos inerentes a qualquer ser humano.

Então, para homenagear o artista que, mesmo quase após 28 anos de sua morte, continua sendo atual para compreender o país em que vivemos, selecionamos, dentre as suas várias composições, aquelas mais impactantes e relevantes. Aperte o play!

Todo Amor Que Houver Nessa Vida

Faixa do primeiro álbum do Barão Vermelho, a canção, composta pela dupla Cazuza e Frejat, ficou conhecida na voz de Caetano Veloso, após o cantor tocá-la em um show.

Pro Dia Nascer Feliz

Primeiro grande sucesso do Barão Vermelho e faixa do segundo álbum da banda, ficou marcada em dois momentos: na regravação de Ney Matogrosso, para seu disco "…Pois É", e por ter sido responsável por um dos momentos mais importantes do show do Barão, no primeiro Rock In Rio, em 1985.

Milagres

"Que tempo mais vagabundo, esse agora, que escolheram para a gente viver". Um único trecho para resumir a força dessa música, faixa do terceiro álbum do Barão e último com Cazuza à frente da banda.

Exagerado

A princípio, metade das canções que integraram o primeiro álbum solo de Cazuza, seriam inseridas no quarto disco de estúdio do Barão Vermelho. Após a saída do cantor da banda, ele decidiu reaproveitar algumas dessas composições, entre elas, Exagerado. Se existiram dúvidas sobre a capacidade do cantor em fazer sucesso na carreira solo, elas se dissiparam assim que a canção tomou de assalto as rádios do país.

Codinome Beija-Flor

Uma das mais belas canções sobre amor já compostas na história da música brasileira, foi criada durante uma das internações de Cazuza, antes de receber o diagnóstico da AIDS. Recebeu uma regravação de Luiz Melodia em 1991, tão impactante quanto a versão original.

Ritual

Segunda faixa de Só Se For a Dois, segundo álbum-solo de Cazuza, é uma de suas canções menos conhecidas. Mas a letra é um achado: "Pra que chorar, a vida é bela e cruel, despida, tão desprevenida e exata, que um dia acaba".

Ideologia

Faixa-título do terceiro álbum do poeta, demonstra, através de sua letra, toda a confusão e desesperança do artista, após o diagnóstico da doença.

Brasil

Regravada por Gal Costa, como trilha de abertura da clássica novela "Vale Tudo", "Brasil" poderia, facilmente, ser considerada como o verdadeiro hino nacional do país. Desde sempre, uma das canções mais atemporais do cancioneiro brasileiro.

Blues da Piedade

Melhor composição da dupla Cazuza/Frejat, a letra ácida critica todas as pessoas que esqueceram de viver e se preocuparam apenas em existir. Uma música que, se for escutada com atenção, vale mais do que qualquer terapia.

Faz Parte do Meu Show

Cazuza desejava fazer uma canção bossa-nova, mas foi além: criou uma letra encantadora, construída de maneira genial e que o definiu para sempre como o poeta de uma geração.

O Tempo Não Pára

A canção mais famosa e contundente da obra do artista.

Cobaias de Deus

A música que melhor definiu a visão de Cazuza sobre a questão da AIDS.

Menções honrosas:

Malandragem

Composta por Cazuza e Frejat para Angela Ro Ro, que não quis gravar a canção. Acabou imortalizada na voz e na interpretação visceral de Cássia Eller.

Preciso Dizer que te Amo

Famosa na voz de Marina Lima, a versão original, gravada em 1986 pelo cantor, foi lançada em uma coletânea, vinte anos depois. Forma, com "Codinome Beija-Flor" e "Faz Parte do Meu Show", a tríade de amor do poeta.