Franklin de Freitas – Fila para atendimento no Hospital Pequeno Príncipe: longa demora

Nas últimas semanas, os hospitais de Curitiba andam com o pronto-socorro infantil lotados. Na última terça, por exemplo, o tempo de espera no pronto-atendimento infantil do Hospital Nossa Senhora das Graças chegou a 7 horas e no Hospital Pequeno Príncipe, seis horas e meia. Nas redes sociais, os pais reclamavam do tempo de espera, do descaso e postavam fotos dos locais abarrotados de pacientes.

No Hospital Pequeno Príncipe, o maior estabelecimento para crianças, o movimento no pronto-atendimento aumentou 151% de fevereiro para março, passando de 7.474 para 11.380 atendimentos somente por planos de saúde. Até o dia 13 de abril, o hospital já somava 5.421.

Segundo o vice-diretor técnico do Hospital, o médico infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, no entanto, 80% dos atendimentos não deveriam ser feitos na emergência e sim no consultório. No Hospital Nossa Senhora das Graças, também em Curitiba, o índice é ainda maior. De acordo com a assessoria de imprensa do hospital, entre o início de março até terça (19), 90% do atendimento do pronto-atendimento pediátrico eram de casos não urgentes.

“Estamos com 10 médicos atendendo no pronto-socorro e com essa demanda não há estrutura que suporte, por isso o tempo de espera aumenta tanto. Só 20% dos casos que vão para emergência são realmente emergência. O que vemos são pais levando as crianças para pesar, medir, para falar sobre problemas de puberdade. E esses são casos de consultório e não de emergência”, afirmou o médico, em entrevista ao Bem Paraná.

“É preciso que os pais retomem o atendimento no consultório, com pediatra de confiança, que possa acompanhar a criança, fazer um tratamento preventivo para o bem da saúde da criança”. De acordo com ele, o acompanhamento do pediatra no consultório também evita a prescrição de exames desnecessários que oneram os planos de saúde.

Ele lembrou que nesta época do ano há um aumento comum de doenças respiratórias, porém nunca foi tão grande como agora: “Há uma circulação de mais vírus, mas no momento o problema é que as pessoas não estão procurando os consultórios”. Ele ressaltou que a ida de crianças saudáveis ao pronto-socorro pode ser perigosa: “Não são raros os casos que crianças que acabam se contaminando na emergência, afinal lá estão crianças com bactérias, viroses fortes, varicela”.

Nesta semana, o Hospital Pequeno Príncipe estava com 80% de lotação nos internamentos, o que é considerado normal.

Sociedade de Pediatria lançou campanha ‘Tenha um pediatra para chamar de seu’

A Sociedade Paranaense de Pediatria lançou no fim do ano passado uma campanha “Tenha um pediatra para chamar de seu” para incentivar que os pais retomem o acompanhamento médico da criança com um médico de confiança.

“O pediatra de confiança pode acompanhar muito melhor a criança, pedir os exames necessários, acompanhar a alimentação, o desenvolvimento, prescrever os remédios com mais cuidado”, explica o médico pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, que também é presidente da Sociedade.

Ele reforçou que a atenção pediátrica deve iniciar no nascimento da criança, com assistência ao parto, e continuar nas consultas de puericultura. “Essas consultas são para o acompanhamento do desenvolvimento psicomotor, crescimento, peso adequado, vacinação, prática de esportes, entre outras”, disse.

As visitas ao médico devem ser mensais no primeiro ano de vida da criança e com o decorrer do tempo vão se espaçando para a cada 2 meses, até que seja estabelecido uma consulta por ano para a avaliação de saúde. Donizetti fala ainda que a escolha do pediatra deve acontecer já durante a gestação e isso pode ser feito por meio de conversas com os especialistas. “A confiança é fundamental para os resultados. Também é importante que os pais procurem por referências curriculares e de outros pacientes”, completa.