GUILHERME GENESTRETI, ENVIADO ESPECIAL*
CANNES, FRANÇA (FOLHAPRESS) – “Um passo atrás.” Vai nessa linha a recepção da crítica internacional para o sexto filme do diretor canadense Xavier Dolan, “Juste La Fin du Monde”, que estreou na competição oficial do Festival de Cannes nesta quarta (18).
Um baque e tanto para o cineasta de 27 anos, que vinha sendo incensado desde que rodou, aos 19, “Eu Matei Minha Mãe” (2009), drama semiautobiográfico protagonizado pelo próprio diretor. “Mommy” (2014), seu filme anterior, já havia aumentado as apostas: por ele, Dolan levou o prêmio do júri em Cannes, honraria que dividiu com Jean-Luc Godard.
“Juste La Fin du Monde” chegou à Croisette com expectativas de que dessa vez Dolan seria um dos mais fortes candidatos à Palma de Ouro.
Vamos à trama: Louis é um escritor em seus 30 e poucos anos que, após mais de uma década afastado de casa, retorna para comunicar à sua família que está morrendo. Mas o que encontra são parentes histéricos, que fogem de qualquer tentativa de conversa franca. O texto é inspirado numa peça do dramaturgo francês Jean-Luc Lagarce (1957-1995), morto em decorrência da Aids.
Algo não funcionou no novo filme, o primeiro de Dolan que traz medalhões no elenco -no caso, do cinema francês: Vincent Cassel, Marion Cotillard, Léa Seydoux (“Azul É a Cor Mais Quente”, “007 Contra Spectre”), Nathalie Baye e Gaspard UIliel (“Saint Laurent”), que vive o protagonista.
Para a revista “Variety”, a produção é “a mais madura, mas também a mais insuportável”: “Dolan encontrou um jeito de exasperar e deixar o público exausto.”
O diretor respondeu às críticas na coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta (19):
“Estou em Cannes, é normal que alguns filmes sejam bem recebidos, outros não. Talvez tome um tempo para que o filme possa se estabelecer: acho que as pessoas deveriam ouvir o filme, e não só vê-lo”, disse Dolan. “É o meu melhor filme.”
Dolan foi bastante perguntado pelo uso excessivo de close-ups nos rostos dos atores.
“Senti que era necessário estar perto de todos os atores, que não podíamos estar distantes”, respondeu. “É um filme sobre linguagem, sobre comunicação, mas também silêncios e olhares que se vê nos rostos.”
(*) O jornalista se hospeda a convite do Festival de Cannes