O economista Roberto Teixeira da Costa, conhecido pela sua trajetória no mercado de capitais, decidiu reunir em um livro dezenas de artigos e crônicas publicados ao longo de seus 85 anos em diferentes jornais e revistas. O livro Um Construtor de Pontes – O Legado e os Segredos de um Embaixador Empresarial traz histórias sobre grandes nomes da economia, como Jorge Paulo Lemann, Roberto Campos e Walther Moreira Salles.

Teixeira da Costa foi o primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Dentre outras funções, foi conselheiro do Estadão por 25 anos, ocupou o cargo de vice-presidente do banco SulAmérica e fundou o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), onde é conselheiro até hoje.

O quinto livro do economista segue uma linha diferente dos anteriores. “É um livro leve, gostoso de ler”, avalia o autor. Escrito em parceria com o jornalista Antônio Seidl, que fez a curadoria dos textos que compõem o livro, a obra mistura a história de vida de Roberto com a história da Economia brasileira dos últimos 60 anos.

No segundo capítulo, intitulado “Meus Amigos Imortais”, o autor fala sobre personalidades importantes do mercado econômico brasileiro que passaram por sua vida e ficaram. Ele conta histórias de ex-ministros da Fazenda, diplomatas e grandes empresários brasileiros com o olhar de amigo. “As relações pessoais são parte fundamental da minha vida”, disse, em entrevista ao Estadão.

O quinto e último capítulo traz as percepções de Teixeira da Costa sobre o mundo. A partir de 1980, ele passou a se dedicar à área de relações internacionais e fundou o Conselho Empresarial da América Latina (Ceal).

Com a pandemia, ele percebe que a relação entre os países e tende a mudar, assim como a relação entre indivíduos de uma mesma nação. “A sociedade percebeu que vivemos um sistema de desigualdade social brutal. Não precisa ser socialista ou comunista para ter noção de que é preciso mudar essa situação. Como fazer a economia crescer sem distribuir renda?”, comenta.

O livro pode ajudar a entender o passado da economia brasileira para preparar o futuro pós-pandemia, mas Roberto faz um alerta. “Gastamos muito tempo com o passado. O passado é referencial, mas temos de nos preocupar com o presente”.

E, no presente, o economista afirma que não estamos dando a real importância à pandemia. “Estamos vivendo uma guerra e ainda não percebemos.” Ele lembra que o Brasil está quase atingindo a marca de 100 mil mortos pela covid-19. “Estamos buscando remédios tradicionais para situações excepcionais. Temos que ter um comportamento de guerra. Não podemos tratar a vida humana como se fosse estatística”.

Em seu próximo livro, que já está sendo produzido, Roberto vai falar sobre as relações internacionais e terá um olhar especial para as consequências da pandemia sobre o assunto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.