Geraldo Bubniak/AEN

Enquanto cidades do interior do Paraná já vivem um nova onda de Covid-19, com aumento de casos e ameaça de colapso na rede hospitalar, Curitiba parecia estar com a pandemia sob controle. Porém, os números infelizmente começam a mudar e a própria secretária municipal de Saúde, Márcia Huçulak, já admite que a capital vive uma ascendente de contágio. “Parece que agora chegou a nossa vez. A gente sentiu isso já na última quinta-feira o pós-Carnaval mostrou a sua cara”, afirmou a secretária, durante a audiência pública realizada na Câmara Municipal de Curitiba, nesta terça-feira (23).

Segundo boletim divulgado na terça, em um dia, a cidade somou 834 casos novos de coronavírus, mais que o dobro do registrado na última sexta (19), quando foram 410 novas contaminações, e 47,13% maior o que boletim de um mês atrás. Os números de casos ativos também subiram desde sexta, aumentando em mil registros, passando para 5.992.

A secretária também disse que a bandeira amarela, vigente na cidade, cria dificuldade nos cuidados contra a pandemia. “O cidadão comum acha que é vida normal e não é, infelizmente”, afirmou ela. Márcia Huçulak ressaltou a bandeira laranja pode voltar a ser aplicada na cidade, com maiores restrições para conter a transmissão da Covid-19. A secretária relembrou que o Rio Grande do Sul entrou em bandeira preta e outros estados, como Santa Catarina, Rodonia e Amazonas, pediram socorro para Curitiba.

Informações extraoficiais indicavam que nesta quarta-feira (24) a capital deve mesmo retornar à bandeira laranja. Márcia antecipou também que as cirurgias eletivas serão suspensas para resguardar leitos para pacientes com confirmação e suspeita para Covid-19. As regras desta suspensão dependem ainda de medidas que devem ser anunciadas hoje pelo governo do Paraná. O secretário de Estado, Beto Preto já antecipou que entre as medidas está a suspensão das cirurgias eletivas e o aumento do período de toque de recolher, que atualmente é da meia-noite às 5 horas.

Ocupação na RMC já preocupa

Na terça-feira, a taxa de ocupação dos 363 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19 em Curitba está em 90%. No momento restam 36 leitos livres. Foram ativados dez leitos de UTI no Hospital Municipal do Idoso Zilda Arns.

Porém a situação na Região Metropolitana como um todo preocupa. Segundo informações atualizadas na segunda-feira (22), três hospitais da região estavam com as UTIs exclusivas para Covid-19 lotadas: Hospital Santa Casa, o Hospital do Idoso e o Hospital do Rocio, em Campo Largo. Também constavam como lotadas quatro enfermarias para Covid-19: Hospital Cruz Vermelha, Hospital Oswaldo Cruz, Hospital do Trabalhador e Hospital de Reabilitação.

Em todo Estado, a taxa de ocupação de UTIs, somando os hospitais públicos e privados, estava em 91% ontem, sendo 93% na Macrorregião Leste, que reúne cidades da Grande Curitiba, Litoral e Campos Gerais.

Evolução da Covid-19

Casos novos

23/1/21 441
25/1/21 591
26/1/21 455
27/1/21 403
28/1/21 447
29/1/21 478
30/1/21 491
31 e 1 805 (média de 402)
2/2/21 439
3/2/21 477
4/2/21 485
5/2/21 417
6/2/21 379
7 e 8 448 (média de 224)
9/2/21 346
10/2/21 352
11/2/21 405
12/2/21 417
13/2/21 438
14 e 15 609 (média de 304)
16/2/21 351
17/2/21 374
18/2/21 437
19/2/21 410
20/2/21 532
21 e 22 1.158 (média de 579)
23/2/21 834

Casos ativos

23/1/21 7.919
25/1/21 7.207
26/1/21 6.854
27/1/21 6.539
28/1/21 6.134
29/1/21 5.804
30/1/21 5.644
1/2/21 5.956
2/2/21 5.653
3/2/21 5.588
4/2/21 5.337
5/2/21 5.340
6/2/21 5.518
8/2/21 5.337
9/2/21 5.352
10/2/21 5.225
11/2/21 5.166
12/2/21 4.953
13/2/21 4.911
15/2/21 5.184
16/2/21 5.039
17/2/21 4.981
18/2/21 4.964
19/2/21 4.885
20/2/21 5.042
22/2/21 5.487
23/2/21 5.992

Mortes

23/1/21 12
25/1/21 14
26/1/21 11
27/1/21 11
28/1/21 7
29/1/21 11
30/1/21 8
31 e 1 18 (média de 9)
2/2/21 8
3/2/21 9
4/2/21 11
5/2/21 10
6/2/21 9
7 e 8 12 (média de 6)
9/2/21 11
10/2/21 10
11/2/21 14
12/2/21 11
13/2/21 10
14 e 15 19 (média de 9)
16/2/21 12
17/2/21 9
18/2/21 12
19/2/21 11
20/2/21 13
21 e 22 21 (média de 10)
23/2/21 11

Governo do Paraná vê mudança de perfil do internamento, com mais jovens

O governador Carlos Massa Ratinho Junior se reuniu ontem com os governadores Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; e Carlos Moisés, de Santa Catarina, para alinhar estratégias comuns de enfrentamento do novo coronavírus e discutir cenários da pandemia diante dos aumentos de casos e de hospitalizações, comuns aos três estados.

“Temos realidades muito parecidas, principalmente nos últimos dez dias. Houve uma aceleração de casos e internações e o aumento do volume de jovens internados, ficando em média 11% a mais hospitalizados em relação aos idosos. Antes eles eram assintomáticos ou casos leves. E agora há muitos registros de casos graves em outras faixas populacionais”, afirmou Ratinho Junior.

“Com a chegada da vacina também houve um relaxamento das pessoas, o que também é comum aos estados, mas a imunização requer tempo e não pode haver descuido nesse caminho”, disse.

No encontro, o secretário estadual da Saúde, Beto Preto citou que houve uma diminuição no número de testes nos últimos 30 dias e um aumento expressivo de internações em leitos da rede pública ou credenciada. Na segunda-feira a taxa de ocupação era de 92% nos 1.226 leitos de UTI e 69% nos 1.783 leitos de enfermaria. Segundo Beto Preto, também houve um aumento de 600% no número de pacientes encaminhados para as centrais de regulação de leitos nos últimos dez dias.

“Recebemos pacientes mais agravados e há um maior tempo de permanência média nas UTIs. Além disso chegamos perto do limite em relação a recursos humanos para atender os novos leitos e estamos vendo novas cepas do vírus em circulação. Mudou o perfil dos internamentos”.

Governador diz que Estado pode comprar as vacinas por conta própria

O governador Ratinho Júnior (PSD) admitiu ontem que o governo do Paraná pode comprar vacinas contra a Covid-19 por contra própria, ao invés de esperar o envio do imunizante pelo governo federal, caso haja mudança na legislação sobre o assunto. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM/RO), apresentou ontem um projeto que permite que estados, Distrito Federal e municípios assumam a responsabilidade civil por eventuais efeitos adversos provocados pelos imunizantes.

Essa medida abre caminho para a aquisição de vacinas por governadores e prefeitos. Além disso, o Supremo Tribunal Federal formou maioria para permitir que estados e municípios comprem vacinas caso as doses ofertadas pelo Ministério da Saúde sejam insuficientes para atender a população local.

Após essa decisão do STF, o prefeito Rafael Greca também disse que Curitiba tem recursos do Fundo Emergencial já reservado para a completa imunização dos moradores.

Boletins mostram avanço dos casos no Estado e na Capital

Curitiba registrou, ontem, 834 novos casos de Covid-19 e 11 óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus, conforme boletim da Secretaria Municipal da Saúde. Até agora são 2.852 mortes na cidade provocadas pela doença neste período de pandemia. Com os novos casos confirmados, 138.022 moradores de Curitiba testaram positivo. O núimero de novos casos vem em uma crescente. Também são 5.992 casos ativos na cidade, correspondentes ao número de pessoas com potencial de transmissão do vírus.

Paraná — A Secretaria de Estado da Saúde divulgou ontem 6.253 novos casos de Covid-19 e 136 óbitos pelo novo coronavírus. Os dados acumulados do monitoramento mostram que o Paraná soma 618.936 casos e 11.206 mortes em decorrência da doença.

País — O Brasil registrou 62.715 novos casos e 1.386 óbitos ontem. Agora o total é de 10.257.875 de contaminados e 248.529 mortes desde o início da pandemia.