Franklin de Freitas – “Isis Freitag

O curitibano está, cada vez mais, optando pela alimentação vegetariana. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência mostra que 16% da população curitibana se declara vegetariana — o que corresponde  a um aumento de 100%, em comparação aos dados do último estudo, realizado em 2012. Hoje, segundo a pesquisa, Curitiba teria pouco mais de 300 mil vegetarianos
Outro aspecto da pesquisa também aponta que  a cultura vegana começou a despertar o interesse, tanto de vegetarianos quanto de não-vegetarianos: 65% dos entrevistados da Capital se mostram propensos a mudar a alimentação.
Mas o que leva as pessoas a mudarem ou considerarem a possibilidade de mudança? A popularização do conhecimento, massificada pela internet, proporcionou uma busca mais completa sobre o tema. Documentários, artigos e reportagens, mostrando como funciona o processo de abate dos animais e os métodos, nem sempre muito ortodoxos de fabricação de carne, despertaram essa consciência no público. 
Mas, além disso, a busca por uma alimentação saudável e que corresponda a valores éticos, influenciou o processo de mudança, assim como os impactos ambientais negativos causados pela pecuária. E o mercado conseguiu acompanhar muito bem a tendência de crescimento.
Responsável pelo Armazém Veganinha, um estabelecimento de Curitiba voltado à alimentação vegana/vegetariana, Andrey Sanson conta que a ideia de abrir um negócio voltado a esse nicho surgiu há cinco anos. “Eu me tornei vegano por questão de princípios e desde que comecei a trabalhar com isso, em 2013, o desejo de estabelecer essa visão como um negócio próprio surgiu naturalmente”.
 Para ele, o aumento discutido na pesquisa é totalmente perceptível. “As pessoas, através da internet, começaram a tomar conhecimento sobre o manejo, o preparo e o transporte de animais, principalmente através de documentários. Isso levou a uma maior conscientização, o que trouxe os não-vegetarianos e não-veganos a buscar essa mudança na alimentação”.
A opinião de Andrey é endossada por Isis Freitag, dona da Doces e Cores, confeitaria vegana que produz alimentos sem glúten e sem lactose. Para ela, o crescimento foi notável, principalmente através do estudo do perfil dos clientes, o que possibilitou a criação de novas estratégias. “Através de conversas e dessa análise das pessoas que frequentam o local, nós criamos produtos sem glúten e sem lactose, e buscamos inovar nas ofertas. Então, temos coxinhas, bolos recheados, mini-pizzas, opções de leite para café, tudo feito de maneira a atender essa necessidade do público”.
E, para quem acredita que o consumo de produtos veganos e vegetarianos está restrito a pessoas de nível econômico mais alto, pode mudar sua percepção. Apesar de o público de maior poder aquisitivo ainda ser o principal consumidor, a procura vem subindo para outras classes sociais. Preços acessíveis, matéria-prima de qualidade e atendimento via internet facilitaram a popularização. De olho nessas possibilidades, Andrey realiza, durante a semana, apenas atendimento virtual no Veganinha, priorizando o atendimento ao público apenas nos finais de semana. Isis, na Doces e Cores, também fornece atendimento por internet. Essas facilidades atraíram não só o pessoal da capital, mas também da região metropolitana. Ou seja, uma tendência mundial, e que só tende a crescer.

SAIBA AS DIFERENÇAS
Para você que ainda não se familiarizou com a cultura vegetariana e vegana, trazemos aqui uma breve explicação sobre as particularidades de cada uma. Confira!
VEGETARIANOS
Buscam uma alimentação saudável e equilibrada, abolindo o consumo de carne. São divididos em três categorias: ovolactovegetarianos, lactovegetarianos e vegetarianos estritos.
Ovolactovegetarianos
Não consomem carne, mas ovos e laticínios podem fazer parte da dieta.
Lactovegetarianos
Carne e ovos são abolidos da alimentação, mas latícinios são consumidos.
Vegetarianos estritos
Nenhum consumo de carnes, mas também não utilizam ovos e laticínios, por acreditarem que estes também são responsáveis por prejudicar os animais. Podem incluir na dieta o consumo de frutos, sementes e grãos, assim como alimentos crus.
VEGANOS
Enquanto os vegetarianos estritos apenas se condicionam a mudar a alimentação, podendo vir a utilizar produtos de origem animal, os veganos são o oposto. Para eles, tanto o consumo de carne, ovos e laticínios, quanto de produtos derivados de testes em animais não são possíveis de utilização. Podem ser considerados defensores ferrenhos da causa animal, renegando, inclusive, espetáculos calcados na crueldade,  como circos, rodeios e touradas. Quem é vegano, necessariamente passou por outros estágios do vegetarianismo, até incluir a filosofia vegana como estilo de vida.