Os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, parte da agenda acordada entre líderes de mais de 150 países e a ONU para ser implementada até 2030, devem acontecer em territórios, que segundo o historiador Caio Prado Junior, são “um palco dos acontecimentos econômicos e das transformações vivenciadas pela sociedade”. Conhecer cada território é o primeiro passo para uma possível melhora, principalmente com relação à pobreza, tanto no meio rural quanto em grandes centros urbanos, onde pessoas vivem com menos de R$ 8,00 por dia (US$ 1,90), e a questão ainda presente da fome.

O fenômeno da fome não é facilmente debatido num país onde é inclusive negado quando atende a interesses de certa elite, pois isso envolve produção, logística de transporte e estocagem, distribuição e consumo de alimentos. Assim como parte da população ressente-se da falta de elementos nutritivos na alimentação cotidiana, outra parcela tem alimentação inadequada ou excessiva acarretando obesidade, o que constitui igual desafio para a vida saudável.
A boa gestão da saúde pública passa pelo planejamento territorial, por um lado evitando a produção de doenças, controlando a ocupação de áreas inadequadas e criando uma estrutura ambientalmente sadia, por outro tornando mais eficazes as providências necessárias, instalando equipamentos e serviços que sejam condizentes com as realidades a que se destinam.

O auxílio de um bom sistema educativo seria parte do processo para a solução, porém escolas estão muitas vezes inseridas em locais violentos e de tráfico de drogas, e seus próprios elementos de proteção, como muros altos e grades, as afastam das comunidades e prejudicam sua integração com o espaço físico circundante; o grande desafio é encontrar formas de, ainda assim, abrir-se para a participação da comunidade.
Nas questões ambientais o foco territorial é fundamental, acidentes geográficos e bacias hidrográficas são instrumentos e sistemas gestores do ordenamento territorial e seu adequado conhecimento, dos rios do entorno das áreas em que se vive, trabalha e estuda são não apenas uma contribuição importante ao meio ambiente, mas principalmente maneira de equilíbrio interno do ser humano com seu ecossistema, atentando também para a gestão do saneamento, energia e resíduos.

Assim como construímos os nossos territórios, diversos outros espécimes precisam de seus habitats para viver, é indispensável encarar a questão ética, o dever de preservar a natureza e com isto a biodiversidade terrestre dentro de um mesmo microterritório. Se efetivamente desejamos alcançar a prosperidade, a realidade territorial também é importante na questão da geração de empregos, inovação e a vida dentro das cidades, suas áreas de lazer e de trabalho.
Em cada território estão os problemas (passivos) e soluções/respostas (ativos) e, sobretudo, os atores sociais: governo, empresas, organizações sociais e voluntários que interagem no desenvolvimento territorial local e que produzem as soluções, que devem responder às necessidades da geração presente sem comprometer as gerações futuras.   

A gestão do território deve, necessariamente, passar pelo entendimento e interpretação dos fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, culturais e, na atualidade, dos fatores ambientais, para uma postura equilibrada, sem prejudicar o planeta em que vivemos. A boa gestão territorial garante prosperidade a todos, e depende muito do esforço de cada um de nós.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.