Divulgação/Itaipu

Os profissionais da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu Binacional receberam, na manhã dessa quinta-feira (25), uma onça-parda (puma concolor) que foi atropelada na rodovia BR-163, em local próximo da cidade de Mercedes, no Oeste do Paraná. O macho de aproximadamente dois anos estava inconsciente quando foi levado ao Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) pela Polícia Ambiental de Foz do Iguaçu.

No hospital veterinário do RBV, foram feitas a coleta de sangue e várias radiografias, que constataram uma fratura na pata traseira direita (membro pélvico direito) e uma lesão no pulmão. O ultrassom realizado no animal não constatou danos em outros órgãos internos. A onça teve ainda um corte na lateral direita da face e um canino quebrado. Após tratados os ferimentos, o felino foi levado à ala de internação do hospital veterinário.

Segundo o médico veterinário Pedro Henrique Teles, da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, o animal ainda está em estado grave e requer acompanhamento constante. “Ainda estamos nas primeiras 48 horas [após o acidente] e é preciso saber até que ponto ele vai se recuperar”, afirma. Na manhã desta sexta-feira (26), a onça saiu do coma, mas ainda está desorientada, possivelmente devido ao trauma na cabeça. “Ela começou a levantar a cabeça, abrir os olhos e responder à medicação.”
Agora, será necessário planejar uma cirurgia de reconstrução da pata traseira. Um médico veterinário especializado em ortopedia será acionado pela equipe da Itaipu. Os profissionais do RBV têm contato com especialistas da Universidade Federal do Paraná, campus de Palotina.

De acordo com o biólogo Marcos de Oliveira, também da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu, por ser um animal de grande porte, a onça-parda depende da força dos membros para suportar seu próprio peso e o das presas. Por isso, após a cirurgia, será necessário acompanhar a melhora do animal por pelo menos seis meses, para avaliar se será possível devolvê-lo à natureza. “Se isso não for feito da maneira correta, ela pode voltar a fraturar a mesma pata e não conseguir sobreviver no ambiente natural”, explica.

Faixa de Proteção

O atropelamento aconteceu entre os municípios de Mercedes e Guaíra, muito próximo da Faixa de Proteção do Reservatório da Itaipu, de onde, provavelmente, saiu o animal. Com largura média de 217 metros e extensão de 2,9 mil km, a área reflorestada por Itaipu serve de suporte para a fauna e a flora regionais, além de reduzir a erosão, o assoreamento e a poluição do reservatório da usina hidrelétrica.
Pedro Teles explica que a onça-parda recebida pelo RBV está justamente na idade em que o animal começa a se dispersar e se separar da mãe. “Ele deve ter acompanhado a mãe por um ano e meio e começou a se locomover para buscar o próprio território. Isso faz que ele acabe cruzando estradas mais vezes e corra o risco de atropelamento”, resume.

Atendimento e pesquisa

Com frequência, o Refúgio Biológico de Itaipu recebe animais feridos, que são trazidos por órgãos habilitados para esta finalidade, como a Polícia Ambiental, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), por exemplo. Para quem encontrar algum animal ferido é recomendado entrar em contato com um destes órgãos. Ele fará o encaminhamento adequado. Lembrando que o Refúgio não recebe bichos levados diretamente ao local, senão por meio das instituições oficiais.

Além do atendimento, a chegada da onça-parda ao RBV permitiu avançar os estudos sobre a vida deste animal em meio selvagem. Representantes do Projeto Onças do Iguaçu, um projeto institucional do Parque Nacional do Iguaçu, fizeram a coleta de urina para análises bioquímicas sobre o estado de saúde do animal.
Também foram coletadas amostras de sangue e da pelagem que serão encaminhadas para o banco genético do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMbio).