ISTAMBUL, TURQUIA (FOLHAPRESS) – Em sinal de tumultuosos dias por vir, a oposição turca contestou a reeleição do presidente Recep Tayyip Erdogan neste domingo (24).

O social-democrata CHP (Partido Republicano do Povo) e seus aliados passaram o dia nas ruas, com monitores voluntários, observando os locais de votação e a apuração. Com aplicativos de celular, fizeram sua própria contagem (não terminada até a conclusão desta edição).

Há uma série de programas na Turquia com os quais voluntários podem, por exemplo, fotografar atas de votação para comparar mais tarde com os resultados finais divulgados pelas autoridades.

O fato de Erdogan vencer já no primeiro turno, com mais de metade dos votos, incomoda os críticos de seu governo.

A realização de uma segunda rodada, em 8 de julho, já era esperada, depois de o candidato social-democrata Muharrem Ince ter reunido pelo menos um milhão de pessoas em seu último comício em Istambul, na véspera.

Já houve denúncias de fraude em outras ocasiões na Turquia, em especial no plebiscito constitucional celebrado no ano passado, quando o país decidiu trocar o sistema parlamentar pelo presidencial, algo que beneficiou Erdogan ao ampliar os seus poderes.

Com essa preocupação em mente, a organização independente Oy ve Ötesi acompanhou os locais de votação com milhares de voluntários.

"Quando determinados grupos políticos têm demasiada presença em torno das urnas, isso pode levar a disrupções nos resultados", afirmou à reportagem um dos líderes do grupo, Sercan Çelebi, enquanto as eleições ainda estavam em andamento. "Enviamos monitores aos locais de votação, portanto, para garantir o equilíbrio do pleito", afirmou.

Nas últimas semanas, entretanto, grupos de monitores ligados à sigla pró-curda HDP (Partido Democrático do Povo) foram detidos. Durante o domingo, circularam vídeos que supostamente mostravam interferência nas cédulas, algo que não foi confirmado oficialmente.