Colaboração

As organizações que integram o movimento Renda Básica Que Queremos, responsável pela campanha #auxilioateofimdapandemia, se uniram a outros movimentos sociais para nesta quinta (18) fazer uma grande manifestação virtual, em todo o país, pela volta do auxílio de R$ 600/mês até o fim da pandemia.

O movimento alerta que o teto definido pela PEC Emergencial deixará um em cada quatro beneficiários fora do auxílio emergencial deste ano – algo em torno de 17 milhões de brasileiros. Além disso, os valores aprovados para as parcelas, em torno de R$ 375/mês para mães com filhos, no máximo, são insuficientes para manter uma família com três ou quatro pessoas.

Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, uma das organizações que participa da campanha, foi ao supermercado em Porto Alegre (RS) no início de março, enquanto a PEC era discutida, para checar o que é possível comprar com esse dinheiro. Resultado: ela gastou R$ 254,48 para adquirir apenas:

• duas caixas de leite,
• cinco quilos de arroz,
• dois pães para sanduíche,
• dois quilos de café,
• duas garrafas de óleo,
• três quilos de feijão,
• três quilos de farinha,
• três quilos de açúcar,
• um pote de margarina, e
• dois quilos de carne moída.

“Legumes, verduras e frutas ficaram de fora da lista. Para cozinhar, é necessário gás e um botijão não custa menos de R$ 90”. O vídeo mostrando as compras pode ver visto aqui: https://www.facebook.com/sou.paola/videos/45218444953955

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os alimentos subiram 15%, praticamente três vezes a taxa oficial da inflação, que foi de 5,20% em um ano. Os itens com maior alta foram:

• óleo de soja (87%),
• arroz (70%),
• batata (50%), e
• carne (30%).

O indicador de inflação por faixa de renda do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) tem consistentemente provado que a inflação de alimentos é mais perversa para os mais pobres. Pesquisa DataFolha mostrou que mais da metade (53%) daqueles que receberam ao menos uma parcela do auxílio emergencial em 2020 usou os recursos para a compra de alimentos. Por isso, a luta pela volta do patamar de R$ 600/mês para o auxílio emergencial pode ser comparada a uma luta contra a fome no Brasil.

Manifestações – O dia 18 será marcado por várias manifestações mostrando aos governantes que o valor proposto como auxílio emergencial é insuficiente para manter uma família com condições minimamente dignas. Serão espalhados lambes, ilustrações e projeções pelas principais capitais do país chamando a atenção para o agravamento da fome e da miséria no Brasil.

Como afirma Douglas Belchior, professor da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra por Direitos, tem gente com fome e morrendo. “Vivemos um estado de guerra, de barbárie. É desolador ver governos que não se importam com a vida dos mais pobres e não possuem políticas de combate à doença”, afirma. Para ele, o auxílio de ao menos R$ 600/mês até o fim da pandemia seria o básico. “Mas a maioria do Congresso e o governo federal prefere manter políticas de morte e não de vida. Ou damos um fim no governo Bolsonaro ou ele dará fim ao Brasil.”, finaliza.