Poderia começar este texto em homenagem ao dia de Martin Luther King, comemorado na última segunda-feira, 20 de janeiro, e parafraseando-o: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

Qualquer semelhança com o Paraná, não seria mera coincidência. Afinal, por aqui, ultimamente, os bons falam, enquanto os maus, sorrateiramente, agem nas sombras. Com o anúncio do fechamento da Fábrica de Fertilizantes de Araucária, a FAFEN, a situação ficou ainda mais evidente.

Serão 4 mil empregos diretos e indiretos exterminados, em poucos dias. Não estamos falando de privatização, o que na visão de alguns poderia ser benéfico, mas sim do encerramento das atividades de uma indústria que poderia gerar imensos lucros para o país, se os dados não fossem mascarados.

São 4 mil famílias à beira do desemprego e prestes a ser excluídas do mercado de consumo. Na cidade que recebeu o nome do símbolo de nosso estado, a Araucária, parece também ser simbólica a existência do Governador, dos Senadores e de vários Deputados. Não se escuta um pronunciamento sequer, nem favorável e nem contrário. Mas o que poderíamos esperar?

Para os que foram eleitos e permanecem em silêncio, estas 4 mil pessoas são invisíveis, não há porque se importar com seus empregos, ou se amanhã já não terão como levar comida aos seus filhos ou se não poderão pagar suas contas. Para a turma dos palácios, vale apenas o Estado mínimo e a contenção de gastos.

O que eles não percebem, já que tal informação não deve chegar em suas redes sociais (e também não pode ser encontrada em seus próprios umbigos), é que o aumento do desemprego certamente se refletirá em mais gastos para o Estado, uma vez que os trabalhadores passarão a utilizar tão somente os postos de saúde, as escolas públicas, farmácias populares e todos os serviços públicos.

Quem pagará a conta, no final, será o Paraná e os paranaenses. Acontece que, no momento em que estes quatro mil desempregados e suas famílias começarem a se valer de seus direitos sociais, estes que hoje não os enxergam e que nada fazem para manter a fábrica de fertilizantes ativa, começarão a sentir o peso de suas más escolhas e de sua omissão.

Talvez, tarde demais, comecem a enxergar a verdadeira crueldade cometida por eles, ao criar um país que não mantém seus trabalhadores dignamente.

Que os “maus”, àqueles mesmos que citei no começo do texto, tenham no mínimo a coragem de defender suas ideias publicamente. Que passem a gritar aos quatro ventos, para quem quiser ouvir, que não se importam com os pobres, com o desemprego, com a desigualdade social.

Ou que, ao menos, criem consciência dessa maldade e passem a defender o que importa: emprego, saúde, segurança e educação.A indiferença, o ficar em cima do muro, tem destino bíblico: “Conheço a tua obra, não é frio nem quente; quem dera fosse frio ou quente. Assim, porque é morno, te vomitarei da minha boca.” (Apocalipse 3:15,16)

Portanto, caros amigos, se confirmado o encerramento das atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados – FAFEN, em Araucária, o custo social, sem dúvida, será imenso!

Da mesma forma, o custo nas urnas deve ser ainda maior. Se os Deputados e Senadores do Paraná não querem olhar para estes funcionários ou que os trabalhadores permaneçam invisíveis, espero que tenham ao menos a coragem de assumir seu posicionamento, se pronunciem e digam que só se interessam pelos trabalhadores em época de eleição!

Requião Filho é deputado estadual pelo MDB do Paraná