O próximo brasileiro na fila para se naturalizar e defender a seleção da Bulgária deve ser o lateral Cicinho. O jogador de 30 anos, ex-Ponte Preta e Santos, disse em entrevista ao Estado aprovar a ideia de defender o país e elogiou o projeto de Ludogorets Razgrad de contratar brasileiros. No clube desde 2015 e tetracampeão búlgaro, ele destaca o quando o dono da equipe, Kiril Domuschiev, transformou a história do futebol local. Confira a entrevista com o atleta:

Como é a estrutura do Ludogorets?

Estou desde 2015 aqui no Ludogorets. O clube tem uma estrutura que poucos clubes têm. Tem vários campos para treinamento. Tem estrutura para os jogadores, para as famílias. Não tem o que se reclamar.

Quais as principais dificuldades que você enfrentou no início na Bulgária?

As principais dificuldades foi adaptar o futebol. No futebol europeu o lateral tem de ser mais lateral. A gente tem a característica no Brasil de ser um lateral ser mais ofensivo, aqui tem de ser mais defensivo. Então tive um pouco dificuldade. Mas graças a Deus estou adaptado já. O frio foi uma dificuldade muito grande. Como sou de Belém, no Pará, que é um calor danado e vim para cá, para a Europa, para o Leste Europeu, que é um lugar muito frio, eu tive muita dificuldade.

Alguns brasileiros do clube jogam pela seleção da Bulgária. Você tem planos ou pretende se naturalizar para defender a seleção deles também?

Jogar na seleção búlgara seria uma experiência legal, eu diria. Eu tenho mais um ano de contrato aqui e completaria também cinco anos no final do contrato, que é o tempo permitido para poder jogar pela seleção (regra da Fifa para naturalizar estrangeiros). Eu toparia, sim, se eu fosse convocado. Seria um desafio, uma experiência legal. Os brasileiros que sempre são convocados, no caso Marcelinho e o Wanderson, são jogadores de excelente qualidade. Acho que a gente pode ajudar também muito a seleção com nosso empenho e toda determinação, igual a gente faz no Ludogorets. Eu acho seria bem-vinda, sim, uma convocação no caso se eu continuar no Ludogorets.

O dono do Ludogorets sempre foi atrás de contratar vários brasileiros. Por que o clube sempre buscou reforços por aqui?

O dono do clube gosta dos jogadores brasileiros. Quando ele vai e traz jogadores de qualidade. Isso vem dando resultado para o clube. Não é à toa que o clube é há oito anos seguidos campeão bulgáro e está há quatro anos seguidos entrando na Liga Europa. Entrou dois anos na Liga dos Campeões. É uma equipe que se vê que está em evolução. Com os jogadores brasileiros que ele traz para reforçar o grupo ajuda muito e graças a Deus temos conseguido alcançar nossos objetivos.

O Kiril Domuschiev, dono do clube, é uma figura importante no futebol búlgaro. Você já teve contato com ele?

O Kiril é um cara tranquilo, mas tem de cobrar ele cobra bastante. A gente tem contato com ele, mas não muito. Mas como você disse é um empresário, uma pessoa influente aqui na Bulgária. Mas sempre quando tem tempo ele está com a gente, está conversando. Quando tem de puxar a orelha também, ele puxa, o que é normal. É o dono do clube, vai querer sempre a evolução e a melhora do clube. Como pessoa, ele é excelente e quer sempre melhorar a estrutura para ajudar no desempenho dos clubes.

Como os outros clubes búlgaros veem o sucesso do Ludogorets?

Os outros clubes têm uma certa rivalidade, para sempre ganhar do Ludogorets. É o time a ser batido. É o melhor time da Bulgária na atualidade. Os outros clubes sempre quando a gente vai jogar, enfrenta dificuldade por conta de todo mundo querer vencer o Ludogorets. Então sempre tem aquele respeito pelo Ludogorets pelas conquistas que a gente vem tendo. A gente entra sério para que possa continuar a hegemonia do Ludogorets.