Numa época de excesso  de informação, unir entretenimento e conhecimento pode ser uma fórmula eficiente contra a falta de atenção provocada por esse excesso. Esta frase de Martha Gabriel, escritora, consultora e palestrante nas áreas de marketing digital, inovação e educação revela um dos desafios da docência frente às possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias na área da educação.
A tendência é, por certo, incorporar esta característica nas atividades de sala de aula, por meio da inserção de jogos e demais atividades lúdicas como alternativas didáticas, que despertem o interesse dos alunos em aprender. Mas, será que o professor está sendo bem preparado para cenários como este?
Em primeiro lugar, é preciso ter em mente que a tecnologia é meio e não fim, e serve para potencializar alternativas no desenvolvimento dos processos de ensino e de aprendizagem. A tecnologia está no cerne da mudança de paradigma de nossos dias, mediando – mas não substituindo, pelo menos por agora – as interações pessoais. E, neste cenário, como forma de complementação dos esforços educacionais, estes novos meios exigem a evolução da didática do professor, ainda que tenhamos a possibilidade de contar com recursos, tais como os pródigos ambientes adaptativos de aprendizagem, herdados da inteligência artificial.
Portanto, o professor, na sua relação com a tecnologia, precisa saber explorar as potencialidades das ferramentas que estão ao seu alcance e fazer uso delas para mediar e instigar no aluno a busca pelo conhecimento.
Este objetivo se desdobra com o professor assumindo diferentes perfis tais como validador, curador, avaliador, pesquisador, conselheiro, mediador, colaborador, neuroeducador e facilitador. Substituir o professor por processos ou tecnologias que automatizem pura e simplesmente o ensino e aprendizagem implicará em uma educação incompleta ou deficitária.
É imperativo que o docente seja hábil no uso das ferramentas tecnológicas à disposição, como forma de excitar o desafio e a paixão pela pesquisa, e não na simples entrega de soluções prontas ou receitas padronizadas.
Ainda que, por meio de ferramentas inteligentes, exista a possibilidade de avaliações de conteúdo de forma automática, caberá ao professor o papel final da avaliação sistêmica da aprendizagem do aluno. Nossa humanidade deve sempre permear o aprendizado do que é novo, ainda que revestida com diferentes roupagens tecnológicas.

Luciano F. de Medeiros é professor do Mestrado em Educação e Novas Tecnologias do Centro Universitário UNINTER