Wagner Araújo/TCE-PR

​Desde que a pandemia foi decretada pela Organização Mundial da Saúde, o mundo foi pego de surpresa. Todos tiveram de se adaptar. E com os gestores, administradores públicos não foi diferente. Passamos a viver em guerra. Uma guerra contra um vírus. Uma guerra que, infelizmente, estamos perdendo. Perdendo vidas.

Numa guerra é estratégico sabermos a hora de avançar e tão, ou mais importante, o momento de recuar. Diante de um contágio avassalador que assistimos diariamente sem dúvida é hora de recuar, para pouparmos vida. O recuo é estratégico. O objetivo é frear a contaminação de mais pessoas.

Agora não é hora de sobrecarregarmos mais nossos médicos, enfermeiros, a nossa linha de frente. Nossos “combatentes”, heróis desta guerra, estão EXAUSTOS, no LIMITE. O sistema de saúde entrou em colapso em diversas cidades brasileiras. E em Curitiba, infelizmente, não foi diferente. Não há leito de UTI disponível.

Nas próximas horas, o Supremo Tribunal Federal deve se manifestar sobre a decisão de manter o transporte público de Curitiba para somente aqueles que de fato precisam estar nas ruas: profissionais da saúde, as pessoas que precisam de saúde, os trabalhadores de atividades efetivamente essenciais, e aqueles senhores e senhoras que vão se vacinar.

O transporte público não deve e nem pode, de sobremaneira, parar. Em nenhum canto do mundo. Mas, deve sim priorizar o deslocamento daqueles que realmente farão diferença nesta guerra contra a Covid-19. Sob pena de aumentar exponencialmente as vítimas desta doença. Que os ônibus virem ambulâncias, levando médicos, enfermeiros e quem precisa de saúde. Que os motoristas e cobradores, que labutam neste leva e traz diário, sejam agentes de saúde (vacina?).

Deixemos o caminho livre para nossos combatentes da linha de frente. Assim como numa guerra bélica, a mobilidade é FUNDAMENTAL. E neste caso, contra a Covid-19, não é diferente.

O transporte público deve servir agora à saúde. Saem os passageiros, embarcam os profissionais sanitários. A eles todo o nosso eficiente e reconhecido transporte público da capital paranaense. Será por pouco tempo. É hora de recuar no deslocamento das pessoas e avançar no plano de vacinação. Recuar, para depois avançar. Como numa guerra.

Fabio Camargo é Presidente do TCE-PR