Já imaginou ficar uma semana ou mesmo um dia sem acessar a internet ou usar o celular? Um dia sem falar com os amigos pelo WhatsApp, sem acompanhar as novidades pelo Facebook ou Instagram. Difícil, muito difícil… Como previra Marshall Mcluhan, os meios de comunicação se tornaram extensões do homem. Mas essa exposição excessiva à tecnologia já causa problemas, ao ponto de o Paraná ter resolvido criar uma política pública para combater o vício de crianças em internet.

Anunciada na última semana durante uma sessão da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente, Idoso e da Pessoa com Deficiência (Criai), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o Programa que estabelece a Política de Estado de Desintoxicação de Internet para Crianças (o Detox Digital Paraná) já está sendo montado e será lançado no dia 8 de julho, no plenário da Alep. A ideia é estabelecer uma série de ações de prevenção à dependência tecnológica e à violência virtual contra criança e adolescentes.

“É um problema sério que as pessoas ainda não viram, mas que está acontecendo. Muitas crianças e adolescentes acabam ficando muito tempo na internet e queremos levar essa conscientização para os pais, para as escolas, os clubes de serviço, as eentidades. É o pior momento de crianças com depressão, suicídio infnatil. Os números são alarmantes e tudo isso é reflexo dessa avalanche digital que tomou conta”, afirma o deputado estadual Cobra Repórter (PSD), presidente da Criai.

Segundo Felipe Hayashi, coordenador da Força-Tarefa Infância Segura e delegado da Polícia Federal, os detalhes sobre as ações que serão promovidas ainda estão sendo fechados, mas culminará em uma política pública integrada, com a participação de vários órgãos estatais, sociedade civil e setor privado.

“Vamos juntar, unir esforços para ter resultados positivos na prevenção e repressão”, afirma Hayashi. “Estamos vendo um ponto, uma área sensível que merece uma política para prevenção e conscientização, para mobilizar a sociedade para o problema. O tema é instigante, complexo, e merece uma política pública”, diz o delegado,que é também diretor do Departamento de Justiça da Secretaria de Justiça, Família e Trabalho.

Damares
Segundo o deputado Cobra Repórter, o lançamento do Detox Digital Paraná, que acontecerá em 8 de julho, contará com a participação da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. “Vamos aproveitar uma ação do governo federal, que também nessa semana do dia 8 vai lançar o Detox Digital a nível nacional. Aministra Damares, inclusive, estará conosco aqui e vamos aproveitar e ssas ações para também lançar o nosso”, explica.

Pais acreditam que filhos usam smartphone demais
Embora não existam indicadores sobre o número de viciados em internet e celularno Brasil, recentemente uma pesquisa divulgada pela consultoria Deloitte revelou que dois em cada três pais acreditam que seus filhos usam demasiadamente o smartphone. Além disso, outro estudo, feito pela pela agência We Are Social e a plataforma Hootsuite, revelou que o brasileiro passa mais de nove horas por dia conectado por meio de qualquer dispositivo. São 130 milhões de usuários das redes sociais, o que representa 62% da população. Desses, 120 milhões acessam pelo celular, ou seja, 57% dos brasileiros.

De acordo com Cristiano Nabuco de Abreu, autor do livro O vício em internet entre crianças e adolescentes, os jovens são justamente os mais vulneráveis ao problema, uma vez que só atingem a maturação total do cérebro a partir dos 21 anos e demoram mais a desenvolver o freio comportamental, que ajuda a evitar situações de risco ou atos por impulso. Entre os meninos, o mais comum é a dependência em jogos eletrônicos. Entre as meninas, o grande problema são as redes sociais.

Ações
Ainda segundo o parlamentar, a partir do lançamento será divulgado um programa de trabalho que deve abarcar todo o estado. “Faremos ações nas Câmaras de Vereadores, nas escolas, igrejas. O Detran também vai fazer parte, faremos uma blitz de conscientização. Hoje você pega um carro com cinco pessoas, quatro estão no celular e é comum ver também crianças e adolescentes navegando, mas os pais não costumam saber o conteúdo que esse jovem acessa. É um trabalho bem amplo”, afirma.