O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, deverá ser convidado pelo presidente Lula (PT) para assumir o cargo da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, que deve deixar a função em março para disputar a sucessão presidencial de 2010. Com essa possibilidade, ele retira Bernardo da pré-disputa pelo governo estadual, ao mesmo tempo em que pavimenta a candidatura do senador Osmar Dias (PDT) na disputa pelo Palácio das Araucárias.
Essa hipótese deve ser informada na próxima semana ao senador pedetista, em um encontro marcado no Palácio do Planalto, em Brasília. Com a ida de Bernardo para a Casa Civil, cargo mais alto do governo federal, Lula contempla o seu partido no Paraná, evitando uma candidatura própria defendida por ala do diretório nativo, colocando a militância nas ruas em favor de Osmar. O presidente quer antecipar essa sua preferência e depois conversar com o governador Roberto Requião (PMDB). A presidente estadual do PT, Gleisi Hoffmann, afirma que não quer falar sobre as projeções, mas adiantou como o partido está sendo orientado internamente e sob o comando de Brasília.
“Nós vamos insistir nesta aliança entre o PMDB, PDT e PT. Somos aliados no governo federal e queremos essa aliança no Paraná. O presidente Lula vai contribuir nesse processo de costura, que recomeça agora depois do recesso no Senado e na Câmara dos Deputados”, informou a presidente.
Regionalizado — Lula vai tentar promover a união de partidos por regiões do Brasil, iniciando pelo Sul do País. O Paraná é o primeiro partido a entrar nesse processo. No Paraná, a manobra é oferecer a Osmar uma base forte para ele disputar a candidatura ao governo, apostando na sua eleição. O Planalto não trabalha com essa possibilidade, mas em uma eventual derrotada do pedetista ao governo estadual, ele seria “acolhido” em um possível governo Dilma Roussef, de 2011 a 2014. “Lula já quis Osmar Dias no Ministério da Agricultura, mas respeitou a decisão de Requião, que na época chegou a indicar o deputado federal Odílio Balbinotti”, diz uma fonte alta do PT.
Na conversa com Requião, Lula também quer garantir a ele a vaga para concorrer ao Senado, ao lado de Gleisi. Em relação a Pessuti, o presidente também quer incluir em seus planos. Uma saída honrosa da disputa poderia render a participação dele num eventual governo de Dilma. O PT pondera que o peemedebista poderia até ser chamado para contribuir no governo Lula, com a saída dos ministros que concorrerão em 2010. Porém, ele tem missão até dezembro de 2010, que é dar continuidade ao governo de Requião, que deixa o cargo em março para disputar o Senado.
Gleisi afirma que o recesso esfriou o processo de negociação, mas será retomado a partir do início de agosto. “Nossa tarefa, agora, é quebrar as resistências entre PDT e PMDB. São partidos e pessoas com ideologias que se assimilam com aos do PT. Nós vamos continuar insistindo nesse sentido”, disse a presidente estadual do PT.
Bernardo não foi encontrado pela reportagem, mas afirmou que ainda não decidiu sobre seu futuro, segundo reportagem publicada ontem no jornal “Correio Braziliense”. Ele ponderou, porém, que conversará com Lula sobre o assunto. “Da outra vez (2006), fui lá e ele (o presidente) falou para eu ficar. Antes de falar com ele não vou tomar decisão”, disse.
Aliança — O grande problema que o PT enfrenta é o acordo entre Osmar Dias e os partidos que se aliaram em torno do nome dele no segundo turno da eleição estadual, de 2006, quando ele foi derrotado por Requião. Esses partidos teriam feito um acordo que se manteve para reeleição do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), mas não está resistindo para 2010. Essa aliança uniria 11 partidos (PSDB, PP, PSL, PDT, DEM, PSB, PPS, PR, PSDC, PRP e PTN). Na prática, o PSDB já colocou Osmar para o terceiro plano, ao lançar as pré-candidaturas Beto Richa ou Alvaro Dias como os nomes do partido na disputa pelo governo do Estado, formando um palanque forte para o candidato presidencial do partido, que deve ficar entre os governadores José Serra (São Paulo) ou Aécio Neves (Minas Gerais).