Pela primeira vez na história, o Paraná passa a integrar o Conselho Mundial da Água – instituição que congrega governos, empresas públicas e privadas, universidades e organizações políticas e sociais do mundo todo. O certificado de filiação foi entregue, nesta terça-feira (8), em Budapeste, na Hungria, ao secretário estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida, durante a Conferência Mundial sobre a Água. 

Cheida explica que o engajamento no Conselho Mundial permitirá ao Estado apresentar recomendações concretas para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), principal órgão deliberativo global, que definirá a agenda de desenvolvimento pós-2015. 

“Somos a primeira Secretaria do Meio Ambiente do Brasil convidada à integrar o Conselho e participar diretamente da formulação de propostas mundiais na área de recursos hídricos”, declarou Cheida ao receber o certificado, em Budapeste. Para ele, só a partir de discussões internacionais é possível chegar a um consenso entre as partes sobre a água, atingindo os objetivos da política de saneamento universal. 

O Paraná foi convidado para integrar o Conselho Mundial da Água pelo presidente da entidade, Benedito Braga, durante o Fórum Mundial do Meio Ambiente, realizado no mês de junho, em Foz do Iguaçu. No Brasil, apenas o estado de São Paulo integra o Conselho. 

É uma honra ter a Secretaria do Meio Ambiente do Paraná como integrante do Conselho, pois o Paraná é um estado importantíssimo e tem trabalhado muito bem a questão da conservação dos recursos hídricos e, portanto, tem muito a contribuir neste debate internacional, declarou Benedito Braga. 

Como requisito, a Secretaria do Meio Ambiente entregou à sede do Conselho, que fica em Marselha, na França, a Carta de Interesses e um livro com todas as ações do governo relacionadas à água. 

“O Paraná está à frente de muitos estados brasileiros no que se refere a gestão integrada e descentralizada das bacias hidrográficas. Estamos implementando o Pagamento Por Serviços Ambientais da Água no Programa Bioclima, temos oito comitês de bacias instalados, promovemos o monitoramento da qualidade e quantidade da água dos nossos rios e implementamos à cobrança pelo uso da água. São iniciativas de vanguarda”, enumera Cheida. 

CONSELHO MUNDIAL – O Conselho Mundial da Água foi criado em 1996, em resposta à preocupação global sobre as questões relacionadas aos recursos hídricos. A missão do Conselho é promover a conscientização, o compromisso político em questões críticas da água em todos os níveis, incluindo a tomada de decisão para facilitar a gestão eficiente. 

Ao todo, 311 membros integram o Conselho. Entre os fundadores, estão a União Internacional para a Conservação da Natureza, a Associação Internacional da Água, a ONU, Agência do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU), Unesco e Banco Mundial. 

GRANDEZA – O Paraná está entre os estados mais privilegiados do Brasil pelos seus recursos hídricos. São 16 bacias hidrográficas, divididas em 12 unidades de gestão hidrográficas, onde estão os comitês de bacias hidrográficas – formados por representantes do poder público, iniciativa privada e sociedade civil organizada. No Paraná também encontra-se grande parte do Aquífero Guarani, denominação dada à uma das maiores reservas de água subterrânea da região do Mercosul. A reserva é imensa, com uma área total de 1.194.800 quilômetros quadrados. No Brasil, a área do Aqüífero Guarani é de 840.000 km2, e no Estado do Paraná, de 131.300 quilômetros quadrados. Além disso, o Paraná é cortado por três grandes rios da região Sudeste: o rio Iguaçu, o rio Paranapanema e o rio Paraná, onde se encontra a maior usina hidrelétrica do mundo, a usina de Itaipu. A quantidade, o nível e a qualidade da água dos rios do Paraná são monitoradas por 600 estações pluviométricas e 280 estações fluviométricas. Já a disponibilidade per capta de água no Paraná é de 13 mil metros cúbicos por habitantes/ano, altamente superior ao índice per capta recomendado pela ONU, que é de 1.500 metros cúbicos por habitante.