Se você já viu alguém recebendo de outra pessoa uma nota de R$ 50 ou R$ 100, muito provavelmente também viu o cidadão segurando a cédula contra a luz, analisando-a cuidadosamente. Não é para menos: no Paraná, a cada 13 minutos e meio uma nota falsa é apreendida, apontam dados do Banco Central do Brasil (BCB). O que você não deve saber, porém, é que em nosso Estado está se tornando cada vez mais comum a falsificação de ‘trocados’.

No primeiro semestre deste ano, por exemplo, o Estado foi o líder em apreensões de notas de R$ 10 da Segunda Família (lançadas a partir de 2010), com 3.494.O número supera — e em muito — os dados referentes à falsificação da mesma cédula durante o ano passado inteiro, quando haviam sido retidas 1.075 cédulas falsas desse valor no Estado (incremento de 225%). Além disso, também houve aumento na apreensão de notas falsas de R$ 5, que saltaram de 187 em 2018 para 255 (alta de 36,4%).

As notas de R$ 100, é bem verdade, ainda são responsáveis pela maioria das apreensões no estado: 8.059 (ou 41%) de um total de 19.675 notas falsas apreendidas no Paraná. Isso se explica justamente pelo valor, ou seja, uma nota maior dá mais lucro aos falsários, em teoria.

Entretanto, as notas de valores mais baixos acabam se tornando uma alternativa surpreendente justamente por serem mais fáceis de se utilizar, já que são poucas as pessoas que se preocupam em verificar se uma nota de R$ 5, R$ 10 ou até mesmo R$ 20 é falsa. Além disso, também há de se considerar a velocidade de circulação dessas notas de pequeno valor, que costumam trocar de mãos mais vezes.

Mas afinal, como saber se uma cédula é autêntica ou não? Segundo o Banco Central, o primeiro passo é sentir o papel: as notas de real da Segunda Família são impressas em papel fiduciário, que tem uma textura mais firme e áspera do que o papel comum. Além disso, verifique a Marca-d’Água, o número escondido, a Faixa Holográfica (nas notas de R$ 50 e R$ 100) e o Número que Muda de Cor (nas notas de R$ 10 e R$ 10). Já nas notas da Primeira Família, verifique a Marca-d’Água, a Imagem Latente, o Registro Coincidente e também o relevo. Todas essascaracterísticas distintivas podem ser conferidas em detalhe no site do Banco Central (www.bcb.gov.br/cedulasemoedas).

Outro detalhe que pode ajudar é que as notas da Segunda Família do Real têm tamanhos diferenciados. As de R$ 2, por exemplo, possuam 6,5 cm de altura e 12,1 cm de comprimento. As de R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100 possuem a mesma altura, mas um comprimento maior de acordo com o seu valor: 12,8 cm; 13,5 cm; 14,2 cm; 14,9 cm; e 15,6 cm, respectivamente.

Raridade, R$ 1 de papel ainda circula, e algumas foram reproduzidas

Embora a cédula de R$ 1 não seja mais produzida desde 2005, versões falsificadas da cédula ainda são encontradas circulando por aí. Só neste ano, por exemplo, foram quatro apreensões de notas falsas desse tipo, segundo o Banco Central.

Com apreensões em São Paulo (1), Santa Catarina (1) e Pernambuco (2). Curiosamente, o número de notas de R$ 1 apreendidas neste ano é ainda maior do que o registrado em todo o ano de 2018. No ano passado, foram apreendidas três dessas notas.

Outra raridade cujas versões falsificadas também seguem circulando são as notas de R$ 10 feitas de plástico. Só neste ano, 37 notas falsas desse tipo foram retidas, duas delas no Paraná. No ano passado foram 60, com três registros no Estado.

Criadas para comemorar os 500 anos do descobrimento do Brasil, as notas plásticas de R$ 10 foram lançadas em 2000 e retiradas de circulação em 2006. Hoje, podem valer mais de R$ 135, dependendo do estado de conservação.

Recebeu uma falsificação. E agora? O que o consumidor deve fazer
A primeira recomendação do Banco Central é que o cidadão não aceite notas ou moedas metálicas suspeitas de falsificação, pois trata-se de produtos de ação criminosa. Por isso, fique atento aos elementos de segurança do dinheiro e, se não identificar algum desses alementos, recuse receber a cédula ou moeda

Há casos, porém, em que uma pessoa recebe dinheiro falso ao efetuar um saque diretamente em caixas eletrônicos (inclusive os 24 horas) ou ao receber o pagamento da aposentadoria ou do auxílio Bolsa Família. Caso isso aconteça, o cidadão deve procurar o banco onde efetuou o saque, o qual é obrigado a trocar o dinheiro suspeito de falsificação imediatamente.

Já se o cidadão recebe sem perceber dinheiro suspeito de falsificação em outras circunstâncias, como no comércio, deve procurar qualquer agência bancária e entregar a cédula ou moeda metálica. O banco anotará seus dados (nome, endereço, documento de identificação, CPF ou CNPJ no caso de ser empresa) e enviará a cédula ou moeda metálica para análise do Banco Central. Se ficar comprovado que a cédula é legítima, o cidadão será ressarcido pelo banco. Caso fique comprovado que a cédula é falsa, não haverá reembolso.

Até por isso, cada vez mais pessoas preferem andar com pouco ou até mesmo nenhum dinheiro, valendo-se dos cartões de débito e crédito.

Cédulas falsas apreendidas
(dados de janeiro a junho de 2019)

Brasil 290.675
São Paulo 96.018
Minas Gerais 39.706
Rio de Janeiro 28.047
Paraná 19.675
Rio Grande do Sul 18.480