O que você faria se perdesse os movimentos das pernas? Essa foi a pergunta que profissionais do centro de recuperação neuromotora “Acreditando” fizeram para o público em geral em um evento em São Paulo para celebrar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 3 de dezembro, mas que se desdobra em várias ações do longo deste mês.

A pergunta tinha de ser respondida na prática. Paratletas de seis modalidades, entre elas tênis de mesa, basquete e rúgbi, desafiaram os visitantes sem deficiência a vivenciar a prática de atividades físicas e esportes adaptados. O “Desafio sobre Rodas”, que contou com o apoio da Secretaria da Pessoa com Deficiência do Estado de São Paulo e da loja de materiais esportivos Decathlon, atraiu cerca de três mil pessoas à zona norte da cidade no final de semana.

Responsável pela preparação física de atletas de alto rendimento, o centro de recuperação convidou grandes nomes do esporte paralímpico brasileiro. Um dos participantes foi Lucas Junqueira, paratleta da seleção brasileira, que jogou rúgbi sobre cadeira de rodas e apresentou a equipe Ronins. Guilherme Costa, medalhista de ouro no Parapan de Lima em 2019 no tênis de mesa, também jogou com os visitantes.

“Foi um evento importante por vários motivos. Um deles foi maior visibilidade para os atletas. Além disso, permitiu que as pessoas tenham um contato mais próximo com o esporte paralímpico. Isso é mais eficiente que um comercial de tevê, por exemplo. O encontro também foi inovador: vimos várias pessoas com cadeiras de rodas, mas não era possível saber se todos eram cadeirantes”, avaliou Guilherme Costa.

Na atividade “Faca na cadeira”, o público tinha de percorrer um circuito com uma cadeira de rodas, desviando de diversos obstáculos e vivenciando os desafios diários dos cadeirantes. A ação também inclui manobras radicais em cadeiras de rodas dentro de pistas de skate em uma modalidade chamada WCMX (Wheelchair Moto Cross).

“Achei o evento muito legal para as pessoas sentirem um pouco do nosso dia a dia”, disse a cadeirante Maria Eunice Santos Oliveira, de 29 anos. “É difícil falar qual é o melhor esporte porque todos são ótimos para nós, que estamos nessa condição, mas gostei do ‘Faca na cadeira’ e do basquete”, completou.

Fernanda Fontenele, cadeirante e uma das fundadoras do centro de recuperação ao lado de Felipe Costa, considera que o evento cumpriu os objetivos. “Nossa ideia foi tentar conscientizar as pessoas para que sentissem e compreendessem como é estar numa cadeira de rodas. É uma expansão de consciência”, disse.