Franklin de Freitas

Nova pesquisa semanal da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que pelo menos 218 cidades do Paraná (66,9%) implantaram medidas restritivas de circulação ou atividades econômicas na semana passada para conter a nova onda de Covid-19, que já começa a pressionar o sistema de saúde do Paraná.  A pesquisa ouviu 326 das 399 cidades do Estado entre 19 e 20 de maio. 

Curitiba foi uma dessas cidades que aumentou as medidas restritivas. Apesar de manter a Bandeira Laranja, a Prefeitura de Curitiba estendeu o lockdown, que anteriormente valia apenas aos domingos, também para sábado.  Além disso, também há alteração no horário de funcionamento de algumas atividades não essenciais e ampliação de uma hora no toque de recolher, passando a ser das 21h às 5h (antes era das 22h às 5h). As medidas valem até o dia 26 de maio e há uma forte tendência de a capital paranaense migrar para a bandeira vermelha. 

A Prefeitura de Guarapuava, na região Central do Estado, também resolveu adotar adotar novas medidas restritivas até o dia 31 de maio.”A pandemia tem atingido proporções assustadoras e isso tem causado um colapso e sobrecarga no sistema de saúde. Nossa única opção é tomar medidas drásticas para evitar a circulação das pessoas e tentar conter essa proliferação dos casos”, disse o prefeito Celso Góes (Cidadania), ao anunciar o lockdown. Com as novas medidas, o toque de recolher passa a ser das 20h às 06h. Além disso, alguns serviços serão fechados integralmente e outros poderão funcionar condicionados a restrições de horário, ocupação, capacidade e modalidade de atendimento. No caso de mercearias, minimercados, mercados, supermercados, hipermercados, panificadoras, açougues e lojas de conveniência, está permitido o funcionamento de segunda a sábado das 7h às 20h, seguindo o protocolo sanitário específico para esta categoria. O setor do comércio poderá funcionar somente por delivery de segunda a sexta, das 8h às 18h. Bares, restaurantes e similares também poderão funcionar exclusivamente na modalidade delivery, todos os dias das 8h às 00h. O decreto prevê ainda a proibição da circulação de pessoas em praças e parques, bem como, a prática esportiva coletiva nesses espaços. As academias e quadras poliesportivas também estão proibidas de funcionar.

O próprio secretário de Saúde Beto Preto afirmou que o governo do Paraná estuda adotar medidas mais rígidas nesta semana. A declaração foi dada ao jornal do Meio Dia da RPC, afiliada da Rede Globo em Curitiba, no sábado (22) ao falar do aumento do número de diagnósticos positivos para o coronavírus.  Beto Preto disse que número de leitos de UTI específicos para Covid-19 será ampliado com a utilização de 150 a 300 leitos que, atualmente, são para tratamento de pacientes vítimas de traumas ou de outras doenças. “É a última cartada, estamos no limite”, disse o secretário ressaltando que os casos estão se avançado exponencialmente. 

Oitenta cidades do Paraná apontam falta de vacinas

O número de cidades do Paraná que registram falta de vacinas antiCovid vem caindo gradativamente. De acordo com a pesquisa da CNM, 80 cidades do Paraná apontaram falta de vacinas (24,5%). Entre as cidades que apontaram falta de imunizantes, 45 (56,3%) apontaram escassez da primeira dose e 49 (61,3%) da segunda dose. A vacina Coronavac, do Instituto Butantan, é que apresenta maior escassez: 45 cidades (80,4%), seguida da Astrazeneca em nove municípios (16,1%). A sondagem da Confederação ainda questionou se os municípios paranaenses possuem câmara fria própria ou de terceiros para acondicionar o imunizante da Pfizer. Das 326 prefeituras que responderam o questionário, 130 (39,9%) disseram que têm acessso aos chamados ultrafreezers, 145 (44,5%) disseram que não e 51 (15,6%) não responderam. Entre as cidades que não possuem os ultrafreezrs, 29 (20%) disseram que pretendem comprar o equipamento, enquanto 108 (74,5%) não têm planos de adquirir.

Sobre a vacinação, 244 prefeituras do Paraná (74,8%) apontaram que já iniciaram a vacinação contra Covid-19 em grávidas em puérperas. Outras 81 cidades (24,8%) disseram que não começaram ainda a vacinar o grupo. De acordo com sondagem, 58 cidades do Paraná (17,8%) apontam o risco iminente do hospital da sua região ficar sem kit entubação.

Dados nacionais

Mais de mil municípios ainda relataram a falta de vacina para imunizar a população contra a Covid-19 nesta semana, segundo pesquisa da CNM. Participaram do levantamento, realizado entre os dias 17 e 20 de maio, 3.287 Municípios de todo o Brasil. Entre os municípios que declararam enfrentar esse problema, a falta de vacinas para a segunda dose atingiu 79,3%. Já 39,9% dos Municípios não conseguiram aplicar a primeira dose no grupo prioritário.

Segundo a pesquisa, a falta da segunda dose da Butantan/Coronavac foi informada por 87,9% dos Municípios e da Fiocruz/Astrazenec faltou em 11,5%. Analisando os dados sobre a falta de vacinas nesta semana por tamanho de Município, identificou-se que a falta se dá de forma uniforme em Municípios de pequeno e médio portes, ambos com 31%. Em grandes cidades esse percentual cai para 15%.

Sobre a vacinação com o imunizante da Pfizer, a CNM questionou os Municípios se eles possuem câmaras frias próprias e ou de terceiros para armazenar as vacinas. Em 44,2% dos Municípios há meio correto para o armazenamento, enquanto em 39,6% declararam que não possuem estes equipamentos. Importante destacar que a vacina é atualmente distribuída apenas para capitais, em decorrência da indicação de que o imunizante precisaria ser armazenado em refrigeração de -70ºC ou em geladeira comum por até cinco dias.

A pesquisa também aponta que 75,3% dos Municípios pesquisados já iniciou a vacinação de grávidas e puérperas. No entanto, em decorrência da recomendação da Anvisa e do Ministério da Saúde, 34,3% dos Municípios afirmaram que interromperam a vacinação desse público.

Mais de 60% dos Municípios pesquisados ainda estão adotando medidas restritivas, como fechamento de serviços não essenciais e outras ações. Em 22,8%, não houve esse tipo de medida nesta semana.