Divulgação / Athletico – Petraglia

O presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, elogiou nesta sexta-feira (19) a Medida Provisória 984/2020, publicada na quinta-feira (18), que dá aos clubes mandantes das partidas de futebol o direito de negociar as transmissões. As declarações foram em uma live nas redes sociais. O homem-forte do Furacão afirmou que esse modelo é o futuro e falou que o modelo antigo era muito injusto com os clubes.

“O modelo que se sustentou até agora acabou. TV aberta ou fechada. Streaming é o futuro. E a partir de 2025 teremos novas oportunidades”, disse Petraglia, em referência ao contrato da maioria dos clubes da primeira divisão com a TV Globo, que expira em 2024. “O momento é a MP do direito do mandate, é pontapé inicial das reformas que vamos ter”.

Segundo o dirigente, a divisão do dinheiro das transmissões até agora é injusta. “A divisão do pay-per-view é 20 para 1. O primeiro ganha 20 vezes o do valor último. N]ão tem sentido”, afirmou. “Além da injustiça nos valores, o comprador fica com 62% da receita bruta. Nos repassa 38%. Se tivermos nosso canal, ficaremos, tirando os custos, com um valor bem mais alto. E mais a publicidade, o patrocínio”.

O dirigente que admitiu que ainda não sabe como será a negociação, mas projeta que os clubes vão se unir. E crava que os clubes saem fortalecidos. “A medida não obriga que se venda (os direitos de transmissão) individualmente”, disse. “Nós ainda veremos como vamos fazer, de que maneira. Temos certeza que a venda virá coletivamente. Nos outros países, cresceu absurdamente”.

Para Petraglia, o futebol brasileiro de maneira geral é mal gerenciado e não tem projeção no exterior. Fora do Brasil, não se tem nenhum conhecimento do que acontece no futebol brasileiro. O que se conhece é a seleção”, disse. Segundo ele, isso ocorre porque os campeonatos são mal promovidos. “Temos que ver a indústria como um todo. Mas temos que irrigar valores para ter estaduais no calendário. A gente forma para exportar, não vendemos o nossos espetáculo como um todo. As mudanças têm que ser gerais. O mundo mudou”, afirmou. “A pandemia iluminou o que estamos cansados de saber: os clubes estão quebrados”.

A medida

A Medida Provisória 984/2020 foi assinada na quinta-feira pelo presidente Jair Bolsonaro. O texto mexe com as negociações dos direitos de transmissão das partidas. A partir de agora, os clubes mandantes têm o direito de arena sobre a partida. Isso significa que um clube pode negociar com uma emissora de TV para que seus jogos como mandantes sejam transmitidos, mesmo que o adversário tenha acerto com uma outra emissora. Por exemplo: os jogos do Flamengo no Campeonato Carioca não estão passando na TV porque o time rubro-negro não entrou em acordo com a Rede Globo. Se acertar, por exemplo, com a Turner, os duelos como mandante poderão passar nos canais do Esporte Interativo. Atualmente, uma emissora só pode transmitir uma partida se tiver acordo com os dois clubes que vão jogar.

A medida ainda permite a flexibilização dos contratos dos jogadores de futebol com os clubes até 31 de dezembro. A assinatura do presidente faz com que um trecho da Lei Pelé sofra alteração e as equipes possam firmar contratos com os atletas de apenas 30 dias – a lei determina que o vínculo mínimo seja de 90 dias. A ideia é ajudar os clubes na luta contra a crise em razão do novo coronavírus. Na última quarta-feira, a Câmara dos Deputados já havia aprovado a proposta que paralisa, no decorrer da pandemia de covid-19, os pagamentos das parcelas devidas pelos times ao Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut).