Promoção. Desconto. Saldo. Ofertas especiais. Desde o começo deste ano estas palavras podem ser encontradas pelas lojas de Curitiba dos mais diversos tipos de produtos e serviços.  Dá até para dizer que 2018 tem sido o ano das promoções, com até mesmo supermercados anunciando uma série de produtos a R$ 1 em determinados dias. 

“O baixo poder aquisitivo da população tem obrigado o varejo a criar uma alternativa para atrair aquele consumidor que perdeu o emprego, que perdeu renda”, afirma Leandro Krug Batista, professor da Pós-Graduação da Universidade Positivo, especialista em Varejo e Franquias. “É a forma que o comércio tem encontrado para fazer as vendas acontecerem”, diz.

Se para o consumidor essas palavras significam uma oportunidade de economizar, para a economia como um todo o sentido não é o mesmo. “Representa uma estratégia usada para evitar prejuízos em função de erros de planejamento da indústria e do comércio, que apostou em uma melhora na economia para este ano, mas que não houve”, resume Gilmar Mendes Lourenço, economista e professor da FAE Business School.
Na grande maioria das vezes, as promoções do grande varejo são coordenadas em conjunto com a indústria, segundo Batista. Ele ressalta que marcas mais caras acabam sacrificando margens quando percebem as marcas mais baratas ganhando espaço no mercado, em função de uma queda no poder aquisitivo da população. “Sob este ponto de vista, é a concorrência beneficiando o consumidor que acaba encontrando mais qualidade por preços mais em conta”, diz o especialista. 
Já Lourenço tem uma outra visão deste cenário. Ele ressalta que as promoções, via de regra, são usadas pelo comércio para desovar estoques de produtos que não estavam vendendo. O economista lembra ainda que tanto o comércio quanto a indústria esperavam por uma recuperação da economia que não aconteceu. “O mercado apostava em uma redução maior dos juros da economia que foi frustrada pelo Banco Central a partir de maio, quando optou pela manutenção da taxa (Selic)”, lembra. 
Lourenço cita ainda a greve dos caminhoneiros ocorrida em maio como um agravante para a economia nacional. “Não estou dizendo que eles são os responsáveis por isso”, ressalta, mas a paralisação ajudou a acelerar a inflação em uma conjuntura de alta nos índices de desemprego. “A média da inflação passou de 2,8% para 4,5% ao ano em um cenário de 27 milhões de brasileiros desempregados, ou seja, sem renda para consumir”, diz.  
O economista acredita que as promoções, diante da conjuntura nacional, são boas no curto prazo. “Mas no médio e longo prazo, podem representar uma retração ainda maior do mercado, o que pode implicar em cortes de gastos e de pessoal”, conclui. 
 


Consumidor precisa ficar atento aos preços
Apesar desta visão negativa das ofertas, o consumidor pode garantir, ao menos por hora, uma economia no orçamento. No entanto, para conseguir tirar real proveito destas promoções ele precisa ficar atento aos preços. “Se o consumidor vai até um supermercado, por exemplo, e compra um produto com desconto e outro com preço normal, os dois saem ganhando, mas se esse o outro produto estiver com preço inflado não”, afirma o afirma Leandro Krug Batista, professor da Pós-Graduação da Universidade Positivo, especialista em Varejo e Franquias. 
Batista cita ainda o fato de que muitas vezes, o consumidor na ânsia de economizar acaba fazendo compras por impulso, no sentido de levar uma quantidade além da que precisa. “É importante ficar atento a capacidade de armazenamento destes produtos e também ao prazo de validade”, alerta.
Um bom jeito de acompanhar os preços, ao menos de supermercados, é o Disque Economia, da Secretaria Municipal de Abastecimento. O serviço é gratuito e diário. Uma equipe realiza o monitoramento dos preços de vários itens em cerca de sete estabelecimentos de Curitiba.