Sempre que perco alguma coisa, amasso um papel que ficou esquecido embaixo de um pilha de livros, deixo de pagar uma conta, porque não a coloquei na gavetinha de contas, maldigo a minha falta de habilidade no quesito organização. Admiro grandemente, as pessoas que a tem como natural. Minha irmã é assim. Desde muito pequenininha, um lugar para cada coisa, cada coisa em seu lugar. 

Pensando bem, tanto ela, quanto meu pai e minha mãe, têm uma facilidade enorme para manter a ordem. Incompetente no papel de ovelha desgarrada que sou, prometo me esforçar – também desde pequenininha – mas não tem funcionado.

O que opera, por vezes, com algum sucesso é um organizar-se a prazo, sabe assim? É como quando você passa o aspirador hoje e o pano de chão amanhã. Se, por um lado, a casa nunca fica totalmente pronta para a visita mais cerimoniosa; por outro, o compromisso com o combinado interno se mantém.  Tenho pensado muito nesse ´vamos por partes´ ultimamente. De pouquinho em pouquinho. Talvez porque é dos pouquinhos que estamos vivendo esses meses, não é? É o ´fiz o que deu´ que tem nos confortado no fim do dia.

Ouvi de um analisando, na semana que passou, um lamento que me pôs comovida. Ele tinha saudades de sua ´velha alta performance´. Eu, daqui, brigando com a minha velha desorganização, senti por nós dois. Fiquei com vontade de dizer-lhe – e de me dizer também – que sobreviver a esses tempos já pode ser considerado ato de alta performance.

Que ter a casa pronta para nós mesmos e os nossos já é muito. A casa aqui é simbólica – eu sei que vocês sabem. Os que estão funcionando a 100%, por agora, são os que mais me preocupam. É tempo de alguma poeira. Minha aposta é a de que a gente dá conta de lidar com ela. Boa semana queridos.

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