SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A polícia da Nicarágua reprimiu neste domingo (14) com bombas de efeito moral, cassetetes e 26 prisões o protesto Unidos pela Liberdade que a oposição tentava fazer em Manágua em repúdio ao ditador Daniel Ortega.

Entre os presos estão dirigentes de grupos da sociedade civil e do dissidente Movimento da Renovação Sandinista. Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o regime e pediam para que os policiais não atirassem.

A ação dos agentes começou com um cerco no estacionamento de um shopping, onde o grupo se concentrava. Os participantes, incluindo mulheres e idosos, foram agredidos e arrastados pela rua até carros da polícia.

Alguns jornalistas também foram agredidos e retidos, mas liberados minutos depois. "Não respeitam ninguém, nem idosos nem crianças. Isso é prova de uma escala superior da repressão", disse Azhalea Solís, dirigente da Aliança Cívica.

A polícia havia anunciado no sábado (13) que não permitiria protestos sem autorização e que tomaria as medidas necessárias para isso. Centenas de policiais de choque colocados em vários pontos da capital nicaraguense.

Os opositores também queriam tomar o acesso a Masaya, cidade que foi sitiada durante os protestos entre abril e agosto nos quais mais de 300 pessoas morreram. O local, porém, foi palco de uma manifestação pró-regime.

Segundo integrantes do regime, a intenção do ato era celebrar a canonização do monsenhor Óscar Romero. Ortega também comemoraria a ascensão do religioso salvadorenho a santo em um evento fechado na capital.

A festa ocorreu apesar das relações cortadas entre a ditadura e a Igreja Católica, que Ortega chamou de golpista. O cisma se aprofundou depois que milicianos aliados de Ortega atacaram bispos e igrejas em busca de manifestantes opositores.

"Não vamos pedir licença para protestar. Vimos que é a própria polícia e os paramilitares que fazem o vandalismo para culpar manifestantes", disse Violeta Granera, dirigente da Frente Ampla para a Democracia.

"Que triste e indignante que haja outros atos de repressão contra a população que se manifesta pacificamente. A repressão não é a solução! Chega de prisões arbitrárias!", disse o bispo auxiliar de Manágua, Silvio Báez.