Franklin de Freitas

Médicos de 38 municípios do Paraná recorreram ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para reclamar de falhas da estrutura necessária ao atendimento de pacientes contaminados pelo novo coronavírus. Ao todo foram 102 reclamações reportadas no período de 30 de março a 6 de maio, o que dá uma média de quase três queixas por dia.

Os dados fazem parte do primeiro levantamento feito pelo CFM após o lançamento de plataforma online exclusiva aos médicos com inscrição nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Desde o lançamento da ferramenta, entre 30 de março e 6 de maio, um total de 1.563 profissionais acessaram a base.

No Paraná, o maior número de denuncias está em Curitiba com 23 casos reportados ao CFM, seguidos por Pinhais, Londrina, Guarapuava com 6 cada um, Cascavel e Cianorte, com 5, e Ponta Grossa e Apucarana com 4. No Brasil, em 546 municípios houve relatos sobre problemas. Entre as principais ‘faltas’ identificadas em 2.166 serviços de saúde, estão a falta de máscaras N95 (ou equivalente), assim como de outros equipamentos de proteção individual (EPIs); a insuficiência ou completa ausência de kits de álcool gel ou 70%, de exames para Covid-19; e a carência de equipes de enfermagem (enfermeiros e técnicos). Outro ponto preocupante para os médicos é a dificuldade no acesso a leitos de UTI e de internação.

Das 2.166 denúncias apresentadas ao CFM, 40% são de médicos que atuam em 18 capitais brasileiras. Os médicos que atuam em unidades de saúde que prestam assistência a casos confirmados e suspeitos de Covid-19 denunciaram ao CFM quase 17 mil inconformidades na infraestrutura de trabalho oferecida por gestores (públicos e privados) de todo o País.

O Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM) foi consultado a cerca do número de irregularidades apresentadas no Estado. “Nós tivemos poucas, bem poucas e a maioria foi a cerca do uso racional dos equipamentos”, segundo o médico Carlos Roberto Naufel Junior, gestor do Departamento de Fiscalização do Exercício Profissional (Defep) do CRM-PR.

Naufel explicou que alguns profissionais estariam se dizendo constrangidos em ter de solicitar mais equipamentos, principalmente a máscara N95. “No entanto, esta máscara não é necessária a todo os procedimentos”, diz. “Ela é necessária apenas no atendimento em que o médico fique sujeito a receber gotículas, como por exemplo, no momento que vai entubar um paciente ou fazer algum exame na boca deste paciente e, além do mais este tipo de EPI tem uma durabilidade de 7 a 15 dias”, afirma. Ainda conforme Naufel, na maioria das denúncias estes seriam os problemas.

Por conta, segundo Naufel foram realizadas reuniões tanto com a Secretaria Municipal quanto a Estadual, no sentido de prestar orientações a estes profissionais sobre a portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre os protocolos de atendimento e uso de EPIs. “Nos demais casos, os profissionais podem atender aos pacientes utilizando apenas a máscara cirúrgica simples, que tem uma vida útil de 6 horas, em média, respeitando a distância segura de 1,5 m da pessoa”, diz.

A respeito do número de profissionais infectados no Paraná, Naufel disse que isso não ocorreu por falta de EPIs, mas por uma questão comum a todos. “O caso do médico Jamall, por exemplo, que foi o primeiro profissional com Covid no Estado,ele pegou o vírus de uma colega que veio de São Paulo em uma situação social, não profissional”, disse. O caso a que se referiu Naufel é do médico Jamal Munir Bark, de 59 anos, o primeiro caso grave de Covid-19 na cidade, segundo a prefeitura. Ele ficou 40 dias internado.

Sesa

Com relação aos equipamentos de segurança, a Secretaria de Estado da Saúde disse que o “Paraná enfrenta a mesma situação mundial de dificuldades na compra de EPIs, porém até o momento todas as unidades de saúde próprias do Estado não possuem falta de insumos. Todas as unidades, administrativas e/ou assistenciais da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná dispõem de estoque descentralizado, os quais estão sendo supridos com maior periodicidade e quantidade de itens”, disse a secretaria em nota.

Ainda, “que há 22 Regionais de Saúde distribuídas no Estado que estão recebendo um quantitativo diferenciado de EPIs para que, na medida que municípios sob sua abrangência necessitem de itens de proteção individual, tenham suporte e disponibilidade de forma emergencial e ágil”.

Brasil passa de 250 mil casos confirmados do novo coronavírus e mortes sobem para 16.792

O balanço diário do Ministério da Saúde, divulgado nesta segunda-feira (18), registrou 13.140 novos casos confirmados de Covid-19, totalizando 254.220. Foi o maior número registrados em 24 horas, desde o início da pandemia no país. Com isso, o Brasil passou o Reino Unido (que tem 244.955) e assumiu a terceira posição entre os países com mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos e da Rússia.

O Brasil teve 674 novas mortes registradas entre o domingo e esta segunda-feira e chegou a 16.792. O resultado representou um aumento de 4,2% em relação a domingo, quando foram contabilizados 16.118 mil falecimentos por Covid-19.

Paraná
O Paraná confirmou, nesta segunda-feira (18), mais 74 casos positivos da doença, acumulando 2.360. Três pessoas morreram em decorrência da infecção o que resulta em 127 óbitos de residentes no Estado. As novas mortes foram duas mulheres que morreram no domingo, em São José dos Pinhais e tinha 75 anos, a outra morava na capital e estava com 88 anos de idade. O homem era residente de Paranavaí, tinha 53 anos e morreu ontem.

Curitiba
O total de casos confirmados na Capital teve acréscimo de 13 casos, e o total foi para 854. Há ainda 247 casos suspeitos. Os óbitos foram a 34.

Regiões mais afetadas
O Sudeste concentra o maior número de denúncias dos médicos durante o período analisado, com 947 (44%) no total. Proporcionalmente, é a região onde também foram notificados o maior número de casos novos – 74.727 (42%) – e de óbitos pelo novo coronavírus – 5.830 (51%). Na sequência aparecem os estados do Nordeste, com 28% das denúncias, 33% dos casos e 29% do número de mortes.