Reprodução / site Alex Canziani – Deputado Alex Canziani (PTB)

Todos os políticos paranaenses com mandato no Senado, Câmara Federal e Assembleia Legislativa apostam nas eleições deste ano, como candidatos à reeleição, a outros cargos e na campanha de filhos ou “herdeiros políticos”. A eleição no Paraná neste ano tem o registro de 429 candidatos à Câmara Federal, 717 para a Assembleia Legislativa, 14 para o Senado e dez para o governo do Estado. Entre os 30 deputados federais, 28 participam diretemente do pleito. Na Assembleia, 51 dos 54 deputados estaduais também concorrem. Os mandatários que não vão disputar continuam, de uma forma ou de outra, na corrida eleitoral.

Apenas dois dos 30 deputados federais paranaenses não vão disputar as eleições neste ano. Ambos do PP, Dilceu Sperafico, que atualmente é secretário do Governo Cida Borghetti (PP) e Nelson Meurer, que foi condenado neste ano por corrupção passiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato, não vão buscar a reeleição ou outro cargo em outubro. Mesmo assim, também querem deixar “herdeiros”. Sperafico apoia o deputado estadual José Carlos Schiavinato (PP) à Câmara e Meurer vai tentar transferir votos para um colega de bancada, o deputado federal Fernando Giacobo (PR).

Outros 25 deputados federais tentam reeleição e três tentam outros cargos: João Arruda (MDB) tenta ser governador, Alex Canziani (PTB) quer ser senador e Fernando Francischini (PSL) quer ser deputado estadual.

Dos cinco deputados federais que não tentam se reeleger na Câmara, Canziani e Francischini têm filhos que pretendem “herdar” a cadeira dos pais em Brasília. Alex Canziani faz campanha para que sua filha Luisa Canziani (PTB), de 22 anos, ocupe seu espaço, enquanto Fernando Francischini quer levar o filho, que já é deputado estadual, Felipe Francischini (PSL), à “sua” vaga na Câmara. Eleito deputado estadual com 22 anos em 2014, Felipe foi o deputado mais jovem do Paraná naquela eleição. O pai, Fernando, afirma que a intenção é que seu filho dê continuidade a seu trabalho na Câmara.

“É uma forma de me substituir. Tem muitos projetos polêmicos que eu e (Jair) Bolsonaro (PSL) fizemos nos últimos anos, que eu não tenho substitutos para tocar. Projetos que podem morrer se eu sair da Câmara dos Deputados. Por isso que pedi que o Felipe (Francischini) deixasse a Assembleia para ser candidato a federal no meu lugar. É uma missão difícil para ele que está começando”, disse Fernando Francischini em entrevista ao Bem Paraná em junho, quando já havia planejado a sucessão.

Ele citou projeto que poderiam ser “abandonados” se não emplacar seu filho. “Vou citar um exemplo (de projeto na Câmara): o que torna ‘pedofilia’ artistas que querem contracenar com crianças e adolescentes estando nus, como foi naquele Museu de Arte Moderna em São Paulo, em outros museus do País. É um projeto polêmico”, lembra.

No caso de Canziani, a eleição da filha, estudante de Direito, fez parte do acordo que o lançou ao Senado na chapa da governadora Cida Borghetti. “Como partimos para esse novo projeto (ao Senado), conversando com prefeitos e lideranças, vimos que não poderíamos perder esse espaço. E a Luiza seria uma pessoa com potencial para isso. Ela é jovem e promissora”, disse.

O cientista político Emerson Urizzi Cervi, professor da Universidade Federal do Paraná, vê as manobras como mecanismos de concentração de poder e que dificultam os processos de renovação da política. "A continuidade familiar na política é um traço da concentração de poder nos caciques partidários, o que dificulta a renovação real e não apenas a redução da média etária dos eleitos", afirma.

Os 25 deputados que tentam a reeleição são: Alfredo Kaefer (PP), Aliel Machado (PSB), Assis do Couto (PDT), Christiane Yared (PR), Diego Garcia (PODE), Edmar Arruda (PSD), Enio Verri (PT), Evandro Roman (PSD), Giacobo (PR), Hermes Frangão Parcianello (MDB), Leandre (PV), Leopoldo Meyer (PSB), Luciano Ducci (PSB), Luiz Carlos Hauly (PSDB), Luiz Nishimori (PR), Osmar Bertoldi (DEM), Osmar Serraglio (PP), Ricardo Barros (PP), Valdir Rossoni (PSDB), Rubens Bueno (PPS), Sandro Alex (PSD), Sérgio Souza (MDB), Takayama (PSC), Toninho Wandscheer (PROS) e Zeca Dirceu (PT).

Senadores

Dos três senadores do Paraná, Roberto Requião (MDB) tenta a reeleição para uma das duas vagas em disputa neste ano e Alvaro Dias (PODE) quer ser presidente da República. Eleito senador em 2014, Alvaro permanecerá no cargo por mais quatro anos caso sua campanha presidencial seja mal-sucedida. Caso contrário, quem assumiria a vaga no Senado seria o empresário Joel Malucelli (PODE), suplente de Alvaro. A senadora Gleisi Hoffmann (PT) concorre a uma vaga na Câmara Federal. A estratégia do PT, como da maioria dos partidos, é lançar nomes conhecidos para que possam “arrastar” correligionários para a Câmara com base na votação proporcinal.

Assembleia

Na Assembleia Legislativa, dos 54 deputados estaduais, 45 tentam a reeleição. Dos outros nove, cinco tentam a eleição para a Câmara Federal e um, Ratinho Junior, do PSD, tenta ser governador do Estado. Apenas três deputados estaduais não são candidatos: Fernando Scanavaca (PPS), Pastor Edson Praczyk (PRB), e Rasca Rodrigues (PODE).

Vereadores de Curitiba

Quase metade, ou 18 dos 38 vereadores de Curitiba disputam as eleições deste ano. Dois querem ser deputados federais – Professora Josete (PT) e Professor Silberto (MDB) – e 16 estaduais. No caso de Josete, que fez 4.432 votos na eleição de 2016 que a reelegeu como única vereadora do PT em Curitiba, a intenção é sair em campanha para somar votos à Câmara Federal. O partido, como a maioria nesta eleição, pensa na cláusula de barreira prevista para 2022 e precisa do máximo de cadeiras possíveis na proporcional. Professor Silberto, com 3.577 votos em 2016, também arrisca uma vaga que demandaria pelos menos 10 vezes mais votos do que já fez.

Cervi avalia que os vereadores que participam das eleições tem dois principais motivos: aparecer e ajudar no acúmulo de votos para a eleição proporcionaç. "Os vereadores que se candidatam nas eleições nacionais, intermediárias às nacionais, têm uma dupla função. A primeira é contribuir para o total de votos da legenda para superar a barreira prevista na cláusula que começa a valer em 2018. A segunda é manter a imagem e o nome do vereador na memória do eleitor para "facilitar" a campanha de reeleição daqui dois anos", analisa.