SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – ​​A cirurgia para retirada de uma bolsa de colostomia do presidente Jair Bolsonaro teve início na manhã desta segunda-feira (28) no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo a Secretaria de Comunicação, o procedimento começou por volta das 6h30 —a Presidência avisou às 07h04.


A estimativa de duração era de ao menos três horas.


Quando a cirurgia completava seis horas, o general Augusto Heleno, ministro do GSI, disse à reportagem que o procedimento ocorre bem e a demora se deve a um atraso no início.


“Está tudo correndo bem, mas é um processo delicado mesmo e a cirurgia começou com um pouco de atraso”, afirmou o chefe do GSI, demonstrando tranquilidade.


Heleno é o único dos 22 ministros a acompanhar a cirurgia do hospital, ao lado da família. Ele viajou de Brasília a São Paulo no avião presidencial.


O presidente foi internado na manhã de domingo (27) para a realização de exames pré-operatórios e após resultados mostrarem normalidade de sua saúde, o procedimento foi confirmado.


Esta é a terceira vez que Bolsonaro é operado desde que foi alvo de uma facada durante a campanha, em setembro de 2018.


O vice, general Hamilton Mourão, assumiu interinamente a Presidência da República e permanecerá no cargo nas próximas 48 horas que se seguirão à cirurgia.


O GSI (Gabinete de Segurança Institucional), sob o comando do general Augusto Heleno, montou uma estrutura provisória no mesmo andar do quarto do presidente para que ele possa manter a rotina de despachos.


Ele reassume a Presidência na quarta (30) e deve permanecer internado até meados da próxima semana. Os médicos estimam um período de dez dias para recuperação.


O Palácio do Planalto trouxe à capital paulista auxiliares técnicos e que dão suporte jurídico para a tomada de decisões do chefe do Executivo.


O escritório improvisado contará com um computador com internet, uma impressora e um telefone fixo. O espaço permitirá ainda que Bolsonaro se comunique com ministros e outros auxiliares que estejam fora de São Paulo por meio de videoconferência.


Há a previsão de uma entrevista coletiva e da divulgação de um boletim médico nesta segunda, logo após o encerramento do procedimento.


O governo trouxe também assessores de comunicação, como o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, para a realização de briefings diários sobre a saúde do presidente e atos do Executivo.


Seu filho, Eduardo Bolsonaro, se manifestou no Twitter pela manhã agradecendo mensagens de apoio ao presidente.


Na noite de domingo (27), o candidato ao comando do Senado Renan Calheiros também escreveu mensagem na rede social.


PASSO A PASSO


Além do cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha o presidente, outros oito profissionais vão participar do procedimento: dois cirurgiões auxiliares, uma instrumentadora, dois anestesistas, uma enfermeira e dois técnicos de enfermagem.


A cirurgia consiste em abrir o abdome e religar as duas pontas do intestino grosso que hoje estão separadas para que o trânsito intestinal volte ao normal. A sutura será feita com grampeador cirúrgico e pontos manuais, segundo Marcondes.


Com isso, Bolsonaro deixará de usar a bolsa coletora de fezes, adotada desde setembro, quando foi esfaqueado durante campanha em Juiz de Fora (MG) e teve os intestinos grosso e delgado perfurados.


Para isolar as áreas lesionadas da passagem de fezes, o intestino foi separado. Uma ponta ficou exteriorizada até a pele para saída das fezes pela bolsa coletora. E a outra ponta ficou fechada dentro.​


O procedimento envolverá um corte de 30 cm a 40 cm, exatamente no mesmo lugar da cicatriz resultante das duas cirurgias anteriores. O orifício onde hoje está a bolsa de colostomia também será fechado. O presidente ficará, então, com duas cicatrizes no abdome.


Segundo três gastrocirurgiões ouvidos pela reportagem, só quando o abdome estiver aberto é que será possível verificar claramente o grau de aderências na região.


Por causa dos ferimentos e dos procedimentos anteriores, é possível que haja alças intestinais grudadas entre si ou na parede abdominal.


O primeiro passo, então, será desgrudar esses tecidos. “Quanto mais aderências, mais a cirurgia pode demorar. Se a situação estiver favorável, pode levar três horas. Senão, de seis a 12 horas”, explica Diego Adão Fanti Silva, cirurgião do aparelho digestivo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).