BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Depois de uma série de declarações desencontradas do governo, o presidente Jair Bolsonaro escolheu após duas semanas no cargo, um general do Exército para ser seu porta-voz.
O nome de Otávio Santana do Rego Barros, 58, foi confirmado no cargo nesta segunda (14). Ele é atualmente chefe de Comunicação do Exército.
Procurado pela reportagem, o general confirmou sua indicação e se disse “muito honrado em servir o governo e o Brasil”.
O porta-voz será subordinado diretamente à Presidência e não terá vínculo direto com a Secom (Secretaria de Comunicação Social), como funcionava anteriormente.
Bolsonaro, que é capitão reformado do Exército, já escolheu sete ministros para compor a Esplanada oriundos das Forças Armadas.
O porta-voz indicado será responsável pelo relacionamento com a imprensa enquanto o chefe da Secom, Floriano Barbosa, cuidará da comunicação institucional do governo e dos contratos de publicidade.
Bolsonaro passou todo a campanha eleitoral e do governo de transição sem ter um profissional designado para atender a imprensa, em meio a uma série de críticas a jornalistas e a veículos de comunicação feitas por meio de suas redes sociais. Desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro, a antiga estrutura de comunicação do Palácio do Planalto vinha transmitindo comunicados oficiais da Presidência e informando a agenda do mandatário.
Rêgo Barros é pernambucano e chefiava a comunicação do Exército desde 2014. Foi comandante do contingente brasileiro na missão de paz no Haiti em 2010 e chefiou uma grande operação no Complexo do Alemão (2011-12), além de ter cuidado da segurança da conferência Rio+20 (2012).
Em entrevista à Folha de S.Paulo em 2017, indagou se a sociedade estava preparada para abrir mão do direito individual em prol do coletivo, ao comentar o uso de tropas militares para reforçar a segurança no Rio.
Na ocasião, Rêgo Barros defendeu um projeto de lei que previa o julgamento pela Justiça Militar de crimes comuns cometidos por integrantes das Forças Armadas. Como justificativa, disse que isso daria segurança jurídica a soldados.
A proposta é criticada por especialistas em direitos humanos, que veem nela uma forma de criar um “foro privilegiado” para quem atua em favelas.
Durante a campanha, Bolsonaro defendeu o excludente de ilicitude, dispositivo que reduz punições a policiais que matam suspeitos durante confrontos, como uma de suas principais propostas para segurança pública. Segundo o presidente, isso daria uma ‘retaguarda jurídica’ para ação de militares no combate ao crime.