(Foto: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Médicos do hospital Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora (MG), que atenderam o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ), alvo de uma facada durante ato de campanha durante a tarde, afirmaram na noite desta quinta-feira (6) que o presidenciável pode precisar de outra cirurgia para reparar eventual dano. Em coletiva de imprensa, os médicos disseram que ainda é cedo para transferir o candidato de hospital. 

O presidenciável foi ferido na região do tórax e passou por um procedimento cirúrgico. Ele teve "uma lesão por material perfurocortante na região do abdômen" e, às 17h50, foi submetido a cirurgia. Por volta das 19h, a cirurgia acabou e o candidato foi encaminhado ao Centro de Terapia Intensiva (CTI). Segundo os médicos, ele teve uma lesão na artéria mesentérica, que foi costurada e resolvida. Também teve tres lesões no intestino grosso, já resolvidas. Ele está estável e fora de risco. Os médicos estudam fazer um procedimento chamado "ileostomia", que significa utilizar uma bolsa ligada ao intestino delgado para drenar líquido intestinal. O político passou por um exame de laparotomia exploradora, com imagens que revelam eventuais danos. Ele recebeu duas bolsas de sangue. 

Bolsonaro vai passar por um período de recuperação que pode chegar passar de duas semanas, o que compromete os atos públicos de campanha no período eleitoral. O primeiro turno das eleições será em 31 dias, em 7 de outubro. O estado de saúde de Bolsonaro é estável. "Evolui com melhora e estabilidade. Claro que as próximas horas são de observação. É difícil prever o tempo de UTI, depende da evolução nas próximas horas.

 

Coletiva de Imprensa ao vivo com atualizações sobre o estado de saúde do candidato Jair Bolsonaro

Posted by Santa Casa de Juiz de Fora on Thursday, September 6, 2018

Traumas como o do presidenciável Jair Bolsonaro, que atingiu grandes vasos sanguíneos e órgãos no abdome, são marcados por um período crítico de recuperação nas primeiras 48 horas.

Os maiores riscos nessa fase, explica Ludhmila Hajjar, especialista em medicina terapia intensiva e em medicina de emergência e professora da USP, são de hemorragia, inflamação, coágulos, insuficiência renal e infecções.

Alguns fatores da cirurgia de Bolsonaro contribuem para que o risco seja amplificado: trata-se de uma grande cirurgia, de emergência, com necessidade de transfusão de sangue e com lesão vascular.

Na primeira semana ainda existe risco de morte. O candidato deve permanecer na UTI por cerca de uma semana. Se tudo correr bem, em três ou quatro semanas ele poderá, em tese, voltar às atividades cotidianas.

O boletim médico divulgado descartou a possibilidade de lesão no fígado. A artéria mesentérica superior, que leva sangue para parte do intestino, foi lesada e reparada, assim como as lesões no intestino grosso e no intestino delgado.