Franklin de Freitas – Combate à dengue em Curitiba: olho nos focos do mosquito

Não é só o novíssimo coronavírus que deve preocupar aos paranaenses. Neste ano o estado tem enfrentado um verdadeiro surto de casos de dengue, tanto que entre o final de julho de 2019 e a metade de fevereiro foram 26.692 casos confirmados da doença, com 23 óbitos. No mesmo período do ano epidemiológico anterior haviam 391 registros no Paraná, sem óbitos.

Até aqui, o problema se concentra principalmente na região norte do estado, onde há maior presença do vetor Aedes aegypti até por conta das condições climáticas, uma vez que se trata de uma região mais quente. Isso, no entanto, não significa que o cenário não deva causar preocupação aos curitibanos, tanto que até aqui já foram confirmados 75 casos da doença – todos importados -, enquanto no ano epidemiológico anterior haviam apenas três ocorrências da doença.

De acordo com Tatiana Faraco, coordenadora do Programa Municipal de Controle do Aedes, a preocupação dos cidadãos deve ser constante bem como o estado de alerta, permanente, com a população realizando vistorias semanais em suas residências e local de trabalho para ajudar na eliminação de possíveis focos. “Trabalhamos intensamente e o ano todo nas atividades de controle vetorial. Mas se a população não se conscientizar, aí pode ficar crítico”, aponta a especialista.

Como a dengue é uma doença cíclica, é natural que ela ressurja nalguns momentos com maior intensidade. Neste momento, explica Faraco, isso acontece porque começou a circular um tipo diferente de vírus, o tipo 2, e a maioria das pessoas não têm imunidade. “Existem quatro sorotipos. Quem pega dengue tipo 1, por exemplo, só fica protegida contra esse tipo de dengue. E também tem a questão vetorial, que não temos a conscientização necessária, os devidos cuidados”, diz a coordenadora.

O período de verão, inclusive, é considerado o mais crítico para a doença, tendo em vista o histórico de casos confirmados de dengue. Isso acontece porque nessa época do ano, além de termos temperaturas mais altas, também há maior ocorrência de chuvas, o que cria melhores condições para o vetor se instalar. Por isso, o apelo é para que a população faça a sua parte, realizando vistorias semanais no terreno da casa onde moram ou mesmo na área externa do local onde trabalham.

“O ciclo do mosquito é semanal, em uma semana deposita o ovo e sai já pronto, voando. Então pedimos que essa vistoria seja semanal, que a pessoa faça uma limpa, um controle no quintal, espaços abertos, e procure todo e qualquer local com acúmulo de água – objetos pequenos e maiores. Observe caixa de água, cisterna, principalmente a nível do solo. Um local ainda são pratinhos de água de cachorro, prato de vaso de planta. Pneu dá para fazer o descarte, um caminhão da Secretaria de Meio-Ambiente recolhe. Restos de construção, louças sanitárias, de banheiro, também são depósitos bons para o mosquito”, orienta Faraco.