SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O procurador-geral da Arábia Saudita pediu a pena de morte para cinco dos 11 suspeitos acusados do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, mas eximiu o príncipe herdeiro de culpa pelo crime no caso que estremeceu os laços do reino com aliados ocidentais.

Segundo um porta-voz da procuradoria, Khashoggi foi morto com uma injeção letal no consulado do país em Istambul em 2 de outubro após uma luta e seu corpo foi esquartejado.

O porta-voz, o vice-procurador-geral Shaalan al-Shaalan, disse a repórteres que Khashoggi foi morto depois que "negociações" para sua volta ao reino fracassaram.

Segundo ele, o subdiretor de serviços de inteligência do país, general Ahmed al Asiri, ordenou que trouxessem Khashoggi "por bem ou por mal", e o chefe da equipe de "negociadores" enviados a Istambul para repatriá-lo ordenou sua morte.

O vice-procurador afirmou que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, conhecido como MBS, não sabia do caso. A Turquia respondeu dizendo que considera "insuficiente" a explicação.

Crítico destacado da política saudita, Khashoggi era colunista do jornal americano Washington Post. Sua morte causou revolta global, expôs o reino a possíveis sanções e maculou a imagem de MBS.

O Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções a 17 sauditas nesta quinta por seu papel no assassinato. Esta foi a primeira reação concreta do governo de Donald Trump à morte do jornalista.

Entre os sancionados estão Saud al-Qahtani, que foi demovido do cargo de assessor de MBS; Mohammed Alotaibi, cônsul geral do país; e membros de uma equipe de 15 pessoas identificadas pela Turquia como parte do esquema.

A lista não inclui quatro membros da equipe de inteligência saudita demitidos no mês passado pelo envolvimento com o crime.

O anúncio é medida pouco comum de Washington, que raramente impõe sanções a sauditas. O governo americano não adotou a medida nem mesmo após os ataques de 11 de Setembro, em que 15 dos 19 terroristas eram do reino.