RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O Ministério Público e a Polícia Civil seguem linhas distintas de investigação no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, que completa 10 meses nesta segunda-feira (14) sem elucidação dos fatos.


Tanto o governador Wilson Witzel (PSC) quanto o procurador-geral de Justiça Eduardo Gussem confirmaram nesta segunda a independência das investigações.


Segundo Gussem, o Ministério Público realiza um levantamento de todos os inquéritos que tramitam no órgão e faz um cruzamento com organizações criminosas para deflagrar possíveis ações penais. Enquanto isso, a polícia, que preside o inquérito do caso, se debruça sobre o assassinato em si.


Witzel defendeu que um dos órgãos apresente o quanto antes alguma resposta para a sociedade. “Me parece que as duas têm que andar juntas. Se não for possível, aquela que estiver mais adiantada que dê a reposta para a sociedade”, afirmou.


Questionado se as diferentes linhas de investigação não poderiam levar à prisão de um inocente, o governador afirmou que qualquer pedido de prisão é realizado com base em indícios.


Segundo ele, estes indícios podem não ser contundentes para a condenação, mas razoáveis para comprovar parcialmente a autoria do crime.


Nesta segunda (14), o blog do jornalista Ancelmo Gois noticiou que Witzel teria dito ao delegado Giniton Lages, titular da DH (Delegacia de Homicídios): “Se o MP [Ministério Público] está atrapalhando, fale comigo que eu resolvo”.


À imprensa, o governador disse que a fala foi descontextualizada e que os órgãos não se atrapalham. Gussem afirmou que Witzel explicou o ocorrido. Segundo ele, o governador quis dizer que poderia fazer contato com o Ministério Público para checar se as duas investigações convergem em determinados pontos ou se há alguma colisão.


Ainda assim, o procurador-geral de Justiça afirmou que o Ministério Público e a polícia têm “pleno diálogo” e integração.


A principal linha de investigação tem como fio condutor o relato de duas pessoas e continua apontando para o vereador Marcelo Siciliano (PHS) como mandante do crime. Ele teria supostas desavenças com Marielle na zona oeste do Rio, o que nega desde o início.


Também já foi aventado que milicianos poderiam estar por trás do assassinato. Na cerimônia de recondução ao cargo, nesta segunda-feira, Gussem alertou que as milícias têm se apropriado do Rio de Janeiro e que o Ministério Público agirá com firmeza no combate a elas.


Em dezembro passado, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou não ver razões para que a atuação de Marielle tivesse motivado seu assassinato e de seu motorista Anderson Gomes por grupos milicianos.


“Não vejo nenhuma possibilidade de a morte da Marielle ter algum vínculo com nosso trabalho em relação às milícias”, disse o parlamentar à imprensa. Segundo ele, apesar de essa ser uma linha que tem que ser investigada, a vereadora não tinha atuação específica em áreas dominadas por grupos paramilitares.


Marielle foi assessora de Freixo na Assembleia Legislativa do Rio.