SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente russo, Vladimir Putin, disse na quinta-feira (25) que a Coreia do Norte necessita de garantias e que sua desnuclearização só ocorrerá por meio do direito internacional, e não pela força, depois de se reunir com o ditador Kim Jong-un.

“Precisamos restaurar o poder do direito internacional, voltar ao modelo no qual o direito, e não a lei do mais forte, determina a situação no mundo”, disse Putin.

Os dois líderes se encontraram pela primeira vez, na ilha de Russki, diante do porto de Vladivostok, no extremo oriente russo, onde o norte-coreano chegou na quarta-feira após uma viagem de 10 horas em seu trem blindado.

Putin disse que discutirá com os EUA o que foi tratado com Kim. “Aqui não há segredos, não há conspirações.”

O líder russo assegurou que os interesses de seu país coincidem com os dos EUA pois ambos defendem uma desnuclearização completa.

“Tive a impressão de que o líder norte-coreano compartilha o mesmo ponto de vista. E tudo de que precisam são garantias de segurança”, disse.

Putin acrescentou, entretanto, que essas garantias não poderiam vir apenas dos EUA, e que seria necessário o apoio de outros países que se envolveram anteriormente em negociações sobre a questão nuclear norte-coreana.

Isso significaria incluir, além da Rússia e dos EUA, China, Japão e Coreia do Sul –um formato que foi abandonado nos últimos anos para privilegiar negociações bilaterais entre Washington e Pyongyang.

Dois meses depois do fracasso do segundo encontro com o presidente americano, Donald Trump, em Hanói, Kim disse que teve um “momento muito bom” com Putin em Vladivostok. “Acabamos de ter uma troca de opiniões muito substancial”, afirmou Kim.

Não estavam previstos comunicados ou acordos durante o encontro, o primeiro a este nível entre os dois países desde o encontro em 2011 entre Kim Jong-il e o ex-presidente e atual primeiro-ministro Dmitri Medvedev.

O Departamento de Estado dos EUA não comentou a cúpula entre os dois líderes, mas William Hagerty, o embaixador americano no Japão, disse que a aproximação de Kim à Rússia e à China faz parte de um esforço para abrandar as sanções internacionais.

“O encontro de Kim Jong-un com Vladimir Putin reforça o fato de que as sanções estão funcionando e colocando uma pressão extrema sobre a Coreia do Norte”, afirmou.