Há cinco meses escrevi neste mesmo espaço sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando este começava a cumprir pena na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Dizia, textualmente: “É triste demais, é trágico para o Brasil, ver um ex-presidente da República atrás das grades, preso, condenado a mais de 10 anos de prisão. Não quero nem vou entrar no mérito da discussão insana travada entre extremistas de direita e esquerda”.

As palavras acima refletem exatamente o sentimento neste 11 de setembro de 2018 quando o ex-governador Beto Richa (PSDB) foi preso numa operação do GAECO, do Ministério Público do Paraná. É triste para o Paraná assistir a prisão de um ex-governador. Não vou me ater as provas acostadas no pedido de prisão nem nos termos de convencimento que levaram o juiz de 1 grau a decretar a detenção de Beto, a esposa e tantos outros que o cercavam há anos. O fato por si só é triste.

Assim como no caso do petista, a prisão de Beto Richa parecia uma questão de tempo. Toda a semana circulava no Centro Cívico boatos de uma operação policial. Neste 11 de setembro, por curiosidade na mesma data de nascimento de José Richa, pai de Beto, a operação foi deflagrada.  E fontes consultadas por este colunista garantem que esta é apenas uma primeira fase desta investigação. 

Tão logo circulou a notícia da prisão de Beto, o Centro Cívico tremeu. E há motivos para isso. A delação do ex-diretor do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-PR), Nelson Leal, abrange outras autoridades políticas e a ação policial, mais cedo mais tarde, chegará também ao Tribunal de Contas do Estado. É uma questão de tempo. 

Qual o futuro do ex-governador Beto Richa? Ele vai abandonar a disputa pelo Senado Federal? São perguntas que muitos se fizeram ontem, mas ninguém tinha as respostas. A tendência é que Beto aguarde o julgamento do recurso que pede sua liberdade para então decidir. Fato é que a situação de Beto na corrida para o Senado, que parecia certa, fica bastante complicada. Desistir do Senado para disputar uma vaga na Câmara Federal é legalmente possível e uma verdadeira possibilidade. Mas agora, com Beto preso no Complexo Médico Penal, ele se preocupa com as questões básicas: sua defesa, o pedido de liberdade, mas principalmente com a situação da esposa Fernanda Richa – também presa. 


Curtinhas… 

Feitiço vai virar contra o feiticeiro?
O senador e candidato à reeleição Roberto Requião (MDB) aproveitou a operação do Gaeco que prendeu Beto Richa para tripudiar do adversário. Fez gracejos pelas redes sociais – o que é habitual. Requião em breve pode provar do mesmo veneno. Fontes garantem que o próximo escândalo a aportar no Paraná diz respeito à operação Carne Fraca, da Polícia Federal. Documentos que já deixaram o Supremo Tribunal Federal estão chegando na Justiça Federal do Paraná. Entre eles a delação do ex-superintendente do Ministério da Agricultura Daniel Gonçalves. Não se comenta uma possível prisão, mas Requião, e parte de seus familiares, estão na alça de mira de um desgaste político às vésperas da eleição.    

Olha o rodo
Falando em tucano, Valdir Rossoni decidiu descer do muro e aportar na trincheira de Ratinho Júnior (PSD) na campanha ao Governo do Estado. A reação dos palacianos foi imediata: passaram o rodo nos cargos mantidos por Rossoni. No 3 andar do Palácio Iguaçu comenta-se a demissão de 50 pessoas, todas ligadas ao tucano. Entre as principais perdas estão Sérgio Brun, homem de confiança de Rossoni, que chefiava a Fundepar; e Wellington Dalmaz, que estava no ParanaCidade.