Marcello Casal JrAgência Brasil

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem, durante coletiva de imprensa realizada na Esplanada dos Ministérios, que será possível triplicar o ritmo atual de vacinação – hoje na casa das 300 mil doses por dia – para chegar a cerca de 1 milhão de doses aplicadas diariamente. Com informações da Agência Brasil.

“O compromisso número um do nosso governo é a implementação de uma forte campanha de vacinação. Todos sabem o esforço que foi feito para buscar vacinas. Hoje sabemos que 95% da população brasileira deseja ser imunizada. E nós, agentes públicos, temos que envidar esforços para que o programa de vacinação tenha concretude”, declarou Queiroga.

Quando perguntado sobre medidas não farmacológicas, o novo titular do ministério descartou lockdown como uma resposta para conter a disseminação do vírus e citou outras formas de distanciamento.

“Quem quer o lockdown? Ninguém quer lockdown. O que temos do ponto de vista prático é adotar medidas sanitárias eficientes que evitem lockdown. Até porque a população não adere. A vacina é importante, mas precisamos usar máscaras, precisamos manter um certo distanciamento. Vamos buscar maneiras de disciplinar o distanciamento social”, disse.

Questionado sobre o endosso do Ministério da Saúde a protocolos off-label – o uso de medicamentos e substâncias para tratamentos que não constam em bula –, Queiroga reiterou a importância da autonomia médica em relação aos pacientes, e lembrou que o conhecimento científico é dinâmico e está constantemente em revisão. “Esta doença, que não tem tratamento específico, tem vários estudos que ainda não mostraram eficácia, como a Anvisa atesta. O que precisamos alertar é que o conhecimento científico é dinâmico”.

Durante a entrevista, Queiroga também foi questionado sobre a queixa de secretários estaduais e municipais de saúde sobre o sistema para registrar mortes por Covid-19. Mas não deu resposta sobre se as mudanças exigindo mais dados seriam ou não mantidas.

Reclamação

Sistema de informação de óbitos pela Covid muda

O Ministério da Saúde alterou o Sistema de Informações de Vigilância de Gripe (Sivep-Gripe), utilizado para o envio de registros de mortes por Covid-19 por secretarias estaduais e municipais. A pasta incluiu novos campos para preenchimento, ampliando o número de informações em cada caso de óbito, como CPF ou Cartão Nacional de Saúde (CNS), nacionalidade e imunização de paciente internado.

Em nota conjunta, os conselhos dos Secretários de Saúde (Conass) e dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) informaram que pediram a reversão temporária da alteração.

“A solicitação ocorreu pela ausência de comunicado aos estados e municípios em tempo oportuno. Isso viabilizaria um período de transição para adequação do registro destas informações nos serviços de saúde”, justificam os conselhos no comunicado.

No início da noite de ontem o Ministério divulgou nota na qual informa que em razão da solicitação retirou a obrigatoriedade de alguns campos de identificação, como CPF ou Cartão Nacional do SUS.

Além disso, o texto acrescenta que o sistema de informações tem registrado instabilidade.

Mais cedo, quando a mudança foi anunciada, diversos setores da saúde pública se manifestaram e alegaram que as mudanças poderiam fazer cair, artificialmente, as estatísticas de mortalidade da Covid.

O problema veio à tona em coletiva de imprensa concedida pelo governo de São Paulo no início da tarde de ontem. O secretário estadual de Saúde Jean Gorinchteyn, disse que a alteração foi feita sem aviso prévio e poderia causar nos próximos dias um “represamento de dados” sobre a pandemia, induzindo a um número artificial de mortes pela Covid-19.