A pouco mais de 40 dias da posse, o governador eleito Ratinho Júnior (PSD) começa efetivamente hoje a transição com as atenções voltadas para a situação financeira que será deixada pela antecessora, a governadora Cida Borghetti (PP). Uma das primeiras medidas da equipe de Ratinho Jr, no encontro de hoje com os indicados por Cida é requerer detalhes sobre as contas públicas, em especial, sobre os contratos firmados pela atual administração nos últimos meses. A intenção é revisar essas despesas, identificando possíveis gargalos e operações que possam eventualmente sere renegociadas.
Em outubro, por exemplo, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR) suspendeu pregão eletrônico aberto pela Sanepar no valor máximo de R$ 107 milhões para a contratação de “solução de Sistema Integrado de Gestão Empresarial (ERP)”. O TCE alegou que a melhor proposta apresentada foi de R$ 24 milhões, uma diferença de 448,33%, além de indícios de irregularidades “em relação à formatação do preço máximo, do sigilo imposto, alterações no edital sem justificativas, exigências desarrazoadas, ausência de publicidade, dentre outras”. Após a decisão, a Sanepar resolveu anular o pregão, alegando “vício insanável”.
Também em outubro, o tribunal suspendeu pagamentos feitos pela Secretaria de Estado da Fazenda ao consórcio Quanam-Arrow Ecs Brasil, detentor de um contrato de R$ 11,8 milhões para implantação do Novo Sistema Integrado de Finanças Públicas do Estado do Paraná (SIAF), determinando ainda “a adoção imediata de mecanismos de controle eficiente nos pagamentos feitos pelo governo estadual”. O TCE também determinou uma auditoria nas contas da secretaria para apurar “possíveis danos ao erário, em função do mau funcionamento do sistema”. Segundo os técnicos do órgão, teriam sido identificados pagamentos em duplicidade no valor de mais de R$ 10 milhões.
Antecipação – Cida inicialmente havia baixado decreto para que a transição começasse apenas em 3 de dezembro. Alegando que caso a data prevalecesse, sua equipe só teria 18 dias úteis até a posse para tomar pé da situação – o que poderia colocar em risco a continuidade de programas em andamento – o governador eleito conseguiu, após insistência, antecipar o início do processo em duas semanas. A governadora designou para a equipe de transição o chefe da Casa Civil, Dilceu Sperafico, os secretários Silvio Barros (Desenvolvimento Urbano) e José Luiz Bovo (Fazenda); o controlador-geral do Estado, Carlos Eduardo de Moura, e o procurador-geral do Estado, Sandro Kozikoski.
Já o governador eleito escalou para coordenar o processo por sua equipe o deputado federal, Reinhold Stephanes (PSD), que coordenou o plano de governo. O grupo inclui ainda o ex-secretário de Agricultura do governo Beto Richa, Norberto Ortigara; o ex-diretores da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, João Carlos Ortega e Wilson Lipski; e a ex-gerente da Sanepar, Priscila Brunetta. Ainda pelo grupo de Ratinho Jr, também vão participar da equipe o deputado estadual Guto Silva (PSD), o ex-diretor de Administração e Finanças do Paranacidade, Claudio Stabile; o ex-secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Nildo Lübke, e o atual secretário de Administração e Recursos Humanos da prefeitura de Curitiba, Heraldo Neves.
Chapéu Pensador – A governadora disponibilizou o espaço conhecido como Chapéu Pensador, que fica na sede da Copel no bairro Bigorrilho, em Curitiba, salas da Secretaria da Fazenda e da vice-governadoria para que as equipes possam se reunir e trocar informações. Além disso, mobilizou sua equipe para produzir relatórios sobre cada área do Estado, elencando ações em andamento e prioridades que precisam de atenção.
