ANGELA BOLDRINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta sexta-feira (24), o 11º congresso da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) debateu o papel das redes sociais no jornalismo.
Participaram do debate mediado pelo jornalista Fernando Molica o secretário de Redação da área de Produção da Folha de S.Paulo, Roberto Dias, e o consultor do “Jota”, veículo especializado em cobertura jurídica, Iago Bolívar.
Os desafios trazidos pelas redes ao jornalismo profissional foram pontuados por Dias, para quem é preciso cautela no tratamento editorial dado a esses meios.
“Se você publica uma acusação e um outro lado, no papel as pessoas vão ver os dois. Nas redes sociais, por causa do algoritmo, ela pode ver só a acusação”, diz ele.
Nesse caso, afirma ele, por exemplo, houve uma mudança na forma de produzir o conteúdo, integrando-se as duas versões em um mesmo texto em apenas um link que irá para o Facebook, Twitter e outras redes.
Para Bolívar, outro ponto importante da relação entre o jornalismo e as redes sociais é a questão da identidade do veículo. “Você tem que se definir, não pode deixar as redes sociais te definirem sozinhas.”
“As pessoas que controlam o site sabem o que vai viralizar [conquistar grande audiência na rede]”, diz Dias. “Isso não significa que a Folha vai deixar de cobrir assuntos que não tem esse potencial de audiência e forem importantes.”
INTEGRAÇÃO
Segundo Dias, o processo de integração do on line na Redação é uma constante. Ele lembrou que, de 1995, quando surgiu o site do jornal, até 2010, a Folha possuía equipes separadas para as versões impressa e on line: “O ciclo de produção hoje já é muito diferente do que era dois, cinco anos atrás.”
No caso do “Jota”, publicação somente virtual, as redes sociais nasceram antes do próprio site, conta Bolívar.
E hoje algumas mantêm certa independência, postando conteúdos que não necessariamente estão no site. “O nosso Twitter é o Twitter do ‘Jota’, não do site”, diz ele.