SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Itaim Paulista, localizado no extremo da zona leste, é a região que registra as maiores temperaturas neste início de ano na cidade de São Paulo.


A média no populoso bairro nos primeiros 14 dias de janeiro foi de 34,4ºC, enquanto a capital paulista atingiu 31,7ºC, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da Prefeitura de São Paulo.


A temperatura no bairro atingiu o pico de 39,6ºC no dia 9, a maior na capital paulista até o dia 14. Nesta quarta-feira (16), o bairro da zona leste foi novamente o mais quente ao atingir 34,9ºC.


Dentro de um ônibus, sem ar-condicionado, a reportagem registrou quase 39ºC, às 15h34. Na capital, a temperatura média foi de 32ºC.


O motorista Renildo Santos Cordeiro, 45 anos, até adaptou um ventilador no painel do ônibus. “O problema é que o bafo é quente”, diz.


“Parece que estamos na boca do vulcão aqui”, diz Mário Rocha, 54, embaixo de imenso guarda-sol para não só se proteger como também os produtos alimentícios mineiros que vende no entorno da praça Silva Teles.


O representante comercial mora em Ferraz de Vasconcelos (Grande São Paulo), município vizinho ao bairro paulista. “Lá, é bem menos quente que aqui.”


MUITO ASFALTO


Segundo o técnico em meteorologia do CGE, Adilson Nazário, o aspecto geográfico do local contribui para a elevação da temperatura.


“O Itaim Paulista, bem como outros bairros da zona leste, está concentrado em área mais pavimentada, sem impermeabilização do solo”, explica Nazário.


O que é compartilhado pelo jornaleiro Avelino Vargas, 54, que trabalha e reside no Itaim Paulista. “Falta arborização no bairro, que cresceu de forma desordenada.”


MARSILAC


No último dia 9, quando o Itaim Paulista registrou 39,6ºC, o bairro de Marsilac (zona sul de São Paulo), que faz divisa com Itanhaém (106 km), no litoral, apontou 29,7ºC de temperatura.


“Às vezes, de uma região para outra, a diferença é de oito a dez graus. Isso ocorre por conta dos aspectos geográficos da área. Neste caso, temos um bairro próximo à serra do Mar”, explica o técnico em meteorologia Adilson Nazário, do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) de São Paulo.


MORADORES


Se alguns paulistanos têm usado guarda-chuva em dias de sol escaldante neste verão, no Itaim Paulista (zona leste) o objeto virou uso diário entre a população, principalmente da ala feminina.


“Até para ir comprar pão eu vou com o guarda-chuva”, diz a dona de casa Maria Vilma dos Santos, 53 anos, que ontem à tarde circulava pelas ruas centrais do bairro com o acessório.


Ao lado de Maria Vilma, embaixo do guarda-chuva, estava ontem a filha, a merendeira escolar Lilian dos Santos, 35. “Além do protetor, não saio de casa sem água e o guarda-chuva. O calor está demais”, diz Lilian. Às 15h, o termômetro utilizado pelo Agora registrava 34,7ºC na sombra.


A gari Edna Pereira de Moraes, 63, trabalha diariamente na praça Silva Teles, um dos pontos de encontro de aposentados e da população local. “A minha roupa fica toda hora molhada e o suor pinga no rosto. Parece que a gente ferve”, afirma.


Para a aposentada Maria de Lourdes Tavares, 74, o calor está fora do normal. “Mas aqui no Itaim Paulista parece que é pior”, diz.


A amiga e ajudante de cozinha Cleonice Alves de Oliveira, 55, concorda. Em dezembro, comprou um ventilador com o 13º salário.