Franklin de Freitas

No dia 29 de junho um apartamento no bairro Água Verde explodiu, matando uma criança de 11 anos e deixando três pessoas gravemente feridas. A principal suspeita da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros é de que produtos inflamáveis, usados na impermeabilização de um sofá, tenham causado a tragédia. Agora empresários do ramo demonstram preocupação sobre a possível reação ao episódio, que acontece num momento em que o número de empresas irregulares se multiplicam por Curitiba. Mas também consideram que o momento é bom para separar as boas empresas daquelas ruins. Na sexta-feira passsada o prefeito Rafael Greca e o secretário municipal da Defesa Social e Trânsito, Guilherme Rangel, assinaram o decreto 806/2019, que regulamenta a atividade de empresas prestadoras de serviços de impermeabilização de bens em Curitiba.

O documento prevê a proibição de impermeabilização feita à base de produtos químicos inflamáveis, combustíveis e controlados em locais fechados, públicos ou privados, comerciais, habitacionais e condomínios. Fica permitida a atividade apenas em áreas abertas, com produtos registrados, sob a responsabilidade técnica de profissional habilitado.

Segundo empresários do setor, a demanda está normal mesmo após o caso do Água Verde. Por outro lado os clientes estão mais ‘curiosos’, apreensivos. Perguntam mais sobre os protocolos de segurança, o tipo de produto utilizado, entre outras dúvidas e questionamentos.

“Ainda não deu para mensurar (o impacto), mas o nosso atendimento permaneceu o mesmo, pelo que vimos até aqui. Como os clientes já conhecem nosso procedimento, nossa legalidade, se sentem seguros”, diz Josiane Menegusso, proprietária da Cleanfor. “É uma situação melindrosa, mas existem diferenças muito grandes entre as empresas (do ramo)”, emenda Gilson Pinheiro, proprietário da Premyere Protection.

Os dois, inclusive, relatam que nos últimos anos o setor vem sofrendo uma espécie de ‘uberização’, com uma crescente de profissionais montando sua própria empresa para atuar no ramo de impermeabilização. No caso da explosão no Edifício Hannover, por exemplo, testemunhas já relataram que os técnicos da empresa contratada sequer sabiam que o produto que aplicavam era inflamável, que não tinham conhecimento técnico e não usavam equipamentos ou seguiam normas de segurança.

“Vemos pessoas fazendo o serviço sem saber o procedimento correto, qual o protocolo de segurança, os cuidados que precisa ter para fazer um serviço desses”, comenta Josiane, enquanto Gilson afirma acredita que o mercado dará uma ‘selecionada grande’ a partir de agora.

“Vai dar uma apertada, mas quem tem estrutura, está com tudo certo, vai ficar no mercado. Já temos a empresa há 32 anos e nunca tivemos problemas desse tipo”, diz ele, pedindo ainda para que os clientes pesquisem mais sobre a empresa que contratarão para prestar o serviço, inclusive procurando conhecer o espaço físico em que a mesma fica.