SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro relatório oficial sobre a queda do avião da companhia Ethiopian Airlines, que deixou 157 mortos em 10 de março, mostrou que os pilotos seguiram os procedimentos recomendados pela Boeing, fabricante da aeronave.

Segundo o documento divulgado pelo Ministério dos Transportes da Etiópia nesta quinta-feira (4), o piloto avisou dois minutos após a decolagem que o avião 737 MAX 8 estava com problemas -a aeronave começou a mover seu nariz para baixo de forma automática- e iniciou os procedimentos de emergência.

“A equipe realizou repetidamente todos os procedimentos fornecidos pelo fabricante, mas não conseguiu retomar o controle da aeronave, disse a ministra Dagmawit Moges.

Seguindo as regras internacionais para acidentes aéreos, o relatório preliminar elaborado pelo Escritório de Prevenção e Investigação de Acidentes da Autoridade de Aviação Civil da Etiópia não aponta culpados nem traz uma análise detalhada do voo.

No entanto, o documento isenta os pilotos de terem realizado procedimentos errados e inclui duas recomendações diretas à Boeing.

O relatório foi feito por analistas etíopes e por investigadores internacionais. O grupo de 18 pessoas também usou dados recuperados da caixa-preta, como o áudio da cabine e informações de voo.

Os investigadores sugerem que a empresa reveja o sistema de controle do avião e que as autoridades de aviação confirmem que o problema esteja resolvido antes de permitir que o modelo volte a voar.

Um relatório final deve ser entregue dentro de um ano.

O avião caiu seis minutos após a decolagem de Adis Abeba, capital da Etiópia -o destindo era Nairóbi, no Quênia. “A maioria dos destroços foi encontrada enterrada no solo”, afirmou o relatório.

O 737 MAX teve seu uso suspenso em todo o mundo depois de registrar dois acidentes fatais em menos de seis meses. Em outubro, a queda de um avião da Lion Air matou 189 pessoas na Indonésia.

O relatório preliminar sobre a queda do voo na Indonésia apontou que os pilotos perderam o controle do avião por terem problemas com um sistema chamado MCAS (Sistema de Aumento de Detalhes de Manobras, em tradução livre), que busca evitar que o avião perca a sustentação no ar.

O sistema teria abaixado repetidamente o nariz da aeronave na hora errada, com base em dados incorretos vindos de um sensor.

A Boeing reagiu afirmando que vai adotar “todas as medidas adicionais necessárias para reforçar a segurança” de sua aeronave.

“Compreender as circunstâncias que contribuíram para este acidente é crucial para garantir a segurança dos voos”, afirmou, em nota, Kevin McAllister, diretor da divisão comercial da companhia.