A CPI do Transporte Coletivo da Câmara de Curitiba ouviu, na tarde desta quinta-feira (3), o presidente da Confederação Nacional dos Usuários de Transportes (Conut), José Severino da Silva Felinto, que também é presidente da Federação dos Usuários de Transporte Coletivos, Rodoviários, Ferroviários, Metroviários, Hidroviários e Aéreos (Fuspar). Sob juramento, ele apontou deficiências no sistema de ônibus da cidade, opinou sobre soluções para a diminuição da tarifa e fez acusações verbais de corrupção dentro da Urbs. O povo não aguenta mais ser transportado como sardinha em lata, pagando caro por isto, afirmou.
    
Em resposta a questionamento do presidente da CPI, Jorge Bernardi (PDT), e de Geovane Fernandes (PTB), Felinto afirmou que, para baixar os R$ 2,99, é necessário que a isenção para idosos, pessoas com deficiência e estudantes não seja descontada da tarifa. Tem que ter a fonte de onde vem o dinheiro, não se pode usar o dinheiro do usuário. Para ele, o poder público deve arcar com esta despesa. Hoje o coitado que mora no Sítio Cercado tem que pagar a passagem do idoso que mora no Batel, completou.
    
Bernardi lembrou que Curitiba tem a terceira maior tarifa do país, ficando atrás somente de São Paulo e Brasília. Segundo ele, em Belém a passagem está R$ 2,20; Boa Vista R$ 2,25; Aracaju R$2,35 e São Paulo e Brasília, R$ 3,00. 
    
Felinto mostrou um vídeo, de três a quatro minutos, feito pela Conut, que aponta os problemas do transporte na capital, como ônibus lotados, filas e falta de planejamento de trânsito. Ele destacou a questão dos ligeirões, que são mais largos que os demais e, por conta disso, não cabem em algumas canaletas. A administração pública andou mal nos últimos anos e, em vez de defender o interesse dos usuários, bandeou-se para o lado do particular. 

Sugestões

Felinto fez uma apelo aos parlamentares para que peçam a quebra do sigilo financeiro do Instituto Curitiba de Informática (ICI), empresas de transporte, Dataprom e Urbs. A quebra de sigilo se reveste de plena legalidade na defesa do erário. Vai comprovar os tantos desvios de dinheiro público. Senhores vereadores, vamos encarar esta?. Segundo ele, aí está a doença, o câncer que mexe com o bolso do usuário.
    
Entre as soluções para melhorar o sistema, apontou a anulação dos atuais contratos, diminuição imediata da tarifa, elaboração de uma nova planilha tarifária, nova legislação para o sistema e um novo órgão para gerenciar os transportes.
    
Paulo Rink (PPS) perguntou se a publicidade dos ônibus pode ajudar a baixar o atual valor. Publicidade não atrapalha em nada. Mas tudo o que vem da propaganda do ônibus tem que ser apropriado à tarifa, afirmou.

Denúncia de corrupção

Felinto afirmou aos parlamentares que existe um funcionário da Urbs que pode estar recebendo vantagens para aprovar a compra de ônibus. Curitiba tem um padrão especial de veículos, conhecido como padrão Urbs, pois tem portas, escadas e rampas de acesso diferenciados. Este funcionário citado seria o responsável por avaliar as especificações e autorizar a compra, disse o relator da CPI, Bruno Pessuti (PSC). 
    
O depoente relatou que a informação foi fornecida a ele por um empresário, mas não quis revelar o nome. Insistimos para que ele falasse quem é o empresário e ele ficou de conversar com esta pessoa para depor na CPI. Mas não deu detalhes e a denúncia ficou no ar, complementou Bernardi.