O agressivo aperto monetário nos Estados Unidos deve induzir a desaceleração da segunda maior economia do planeta, mas uma recessão ainda é improvável no curto prazo. A avaliação é compartilhada pelo economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, e o head de gestão de investimentos da Warren Asset Management, Igor Cavaca.

Caruso avalia que dados recentes sugerem risco baixo de um recessão nos Estados Unidos nos próximos quatro trimestres. Em um horizonte mais longo, no entanto, considera que o combate à inflação pode provocar uma retração da atividade econômica.

“Acho difícil fugir disso em algum momento a partir de 2023”, afirmou, durante participação no Broadcast Live desta quinta-feira.

O economista cita o desemprego ainda baixo – em 3,6% no mês passado e o ainda sólido balanço de famílias e empresas. Segundo ele, o aperto das condições financeiras tende a demorar algum tempo até que se reflitam nos indicadores macroeconômicos. “Na economia real, não tem por que esperar recessão nos próximos quatro trimestres”, disse.

Após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) subir juros em 75 pontos-base na semana passada, Caruso entende que a autoridade monetária deve promover novo aumento da mesma magnitude no próximo encontro, em setembro. Para ele, a taxa básica deve terminar o ciclo de aperto atual mais perto de 5% do que dos 3,5% precificado na curva de rendimentos atualmente. “Ainda há um longo caminho a ser percorrido”, destacou.

No entendimento de Cavaca, da Warren Asset Management, o aperto monetário nos EUA deve manter a pressão de alta do dólar ante o real. Para ele, além da aumento dos juros americanos, o câmbio brasileiro será influenciado ainda por incertezas na política fiscal. “Minha expectativa é de alta do dólar até o final do ano, mas acho que estamos em um patamar de pouco mais equilíbrio do que o visto no ano passado”, ressalta.

Cavaca argumentou que o aperto monetário pode provocar uma forte desaceleração da maior economia do planeta, mas que explicou que os riscos de recessão são mais para o longo prazo.