Franklin de Freitas – Davi Lima

Para ver uma lhama bem de perto, até mesmo tocar no bichano, quem mora em Curitiba ou na Região Metropolitana já não precisa ir tão longe e visitar países como Bolívia, Chile, Equador ou Peru atrás de um espécime da espécie símbolo da Cordilheira dos Andes. Em Campina Grande do Sul, a 30 quilômetros da Capital, está localizada a empresa Lhamas Brasil (www.lhamasbrasil.com.br), maior produtora do animal no país – e que em breve também começará a criar e a comercializar alpacas.

Segundo o empresário Davi Lima, a paixão pelas lhamas vem da infância, de quando ele via o animal em zoológicos e circos. A ideia de começar o negócio, porém, surgiu há cerca de 17 anos, depois dele sair de sua cidade natal, Sulina, localizada no sudoeste paranaense, para tentar a vida na capital do estado.

“Na época eu trabalhava de azulejista para uma construtora grande de Curitiba. Um dia fui para Piraquara e conheci um produtor de lhamas lá. Ele tinha uma que estava prenha e me vendeu. Uma semana depois ela teve os filhotes e logo apareceu um cara para comprar”, relata Davi.

Nessa mesma época, conta o empresário, os circos foram proibidos de criar animais, o que acabou abrindo mais uma porta para Davi alavancar o seu negócio. “Sempre ia em zoológico, circo, e ficava admirado com camelo, lhama. Ficava pensando ‘poxa vida, podia ser fácil da gente ter esses animais’. E todo circo tinha duas, três lhamas. Fui comprando, algumas deram mais crias. Até que por volta de 2006 fiz uma importação de 60 fêmeas do Chile. E ali começou a criar, foi indo devagarzinho”, diz.

Hoje, o negócio com lhamas já é a principal fonte de renda de Davi, que comercializa cada animal por R$ 8 mil. Na RMC ficam cerca de 40 lhamas, enquanto o restante (são 113 espécimes, ao todo) já foi levado para um criadouro da Lhamas Brasil em São Paulo, principal mercado comprador. “Em São Paulo o pessoal compra mesmo. Mais da metade das minhas vendas é para lá, e principalmente São Paulo capital e região metropolitana.”

Só neste ano, Davi conta que já vendeu 130 lhamas. Mas ele quer mais. Para o próximo ano, a meta é vender, em média, 20 animais por mês (240 no ano). Além disso, ele já encomendou 120 alpacas, que deverão chegar na RMC até dezembro. “Minha ideia é focar em lhama e alpaca. Tenho vendido bastante e minha meta é melhorar ainda mais”.

Visitas são oportunidade para ver os animais bem de perto e até dar comida
No Brasil, conta Davi Lima, até existem alguns outros revendedores de lhamas, mas o trabalho mais forte, mais profissional, é o dele. E quem quiser pode conhecer de perto: podem ser agendadas visitas à fazenda em Campina Grande do Sul, ao custo de R$ 40 por pessoa. Se o grupo de visitantes tiver mais de 10 pessoas, é possível ainda negociar valores mais em conta para o passeio inusitado. Para marcar uma visita, basta entrar em contato pela página no Facebook da Lhamas Brasil e combinar a data com o Davi, informando o número de visitantes que irão ao local.

“Eu vi que o pessoal, Curitiba quer vir conhecer. No zoológico você vê de longe (o animal). Aqui você pode colocar a ração na sua mão e eles vem comer”, diz Davi. “Essa parte (reação dos visitantes) é bem legal, bem gostoso de ver. O pessoal descobre que tem e fala ‘nossa, nem imaginava que tinha esse tipo de coisa aqui no Brasil’. Tenho a ideia de deixar mais lhamas nessa propriedade, colocar mais alpacas aqui também e abrir mais para visitação, colocar um camelo…”.

“Quando a crise pegou mais foi que começou a explodir”, conta empresário
Questionado sobre os impactos que a crise econômica e política que o país atravessa provocaram em seu negócio, Davi Lima, proprietário da Lhamas Brasil, apresenta um relato curioso: “Foi depois de 2016, quando a crise pegou mais, que começou a explodir mais a venda de lhamas”.

Segundo ele, isso se explica pelo fato de a maior parte dos compradores (até pelo preço do animal) serem grandes empreendedores, pessoas com alto poder aquisitivo. “Para essas pessoas, a maioria, a crise é uma oportunidade”, comenta Davi, que quando começou o negócio vendia os animais por um preço relativamente baixo, de R$ 2,5 mil.

“Quando coloquei uns valores mais consideráveis que comecei a vender mais. Quando era barato, vendia menos. Até porque tem muita gente que gosta de status. Então quando comecei a ter mais confiança em colocar o valor, comecei a vender mais”, conta o empresário, que gasta cerca de R$ 50 por mês para manter cada lhama.