Os 18 jovens que participam do projeto Casas de Semiliberdade de Curitiba, no bairro Capão da Imbuia, ganharam recentemente um bocado de esperança. É que há cerca de um mês um outro projeto, o Vivendo o Rugby invadiu o espaço. Presente em 12 escolas da cidade, sendo oito municipais e quatro estaduais, agora faz do esporte mais uma ferramenta na tentativa de se resgatar aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

O projeto, coordenado por Leca Jentzch, existe há mais de 10 anos na Capital e já foi até premiado pela Federação Internacional do esporte (IRB) com o troféu ‘Spirit of Rugby’ (Espírito do Rugby, em português) em 2014. A ideia, explica Leca, é transferir os valores do esporte aos adolescentes em restrição de liberdade.
Conhecer o esporte é descobrir outra coisa além desse mundo (do crime), afirma Leca, revelando ainda que a intenção é expandir a iniciativa nos próximos meses — até o final do ano passado, por exemplo, era mantida uma parceria com o Centro de Socioeducação de Piraquara, na região metropolitana. Os jovens ficam felizes, se distraem um pouco enquanto estão praticando o esporte.

Como a Casa de Semiliberdade fica próxima da sede da Secretaria Estadual de Esporte e Turismo, os jovens conseguem treinar em um campo oficial de rugby que fica no local. Eles chegam aqui desconfiados e daqui a pouco já estão rindo, correndo, se divertindo uns com os outros. Se não acreditarmos (que eles podem se recuperar), não trabalhamos. Tem de acreditar, trabalhar e eles vão melhorando. Devagarzinho, mas vão melhorando, aponta Iliete Gallotti, psicóloga da unidade.
Desde abril atuando como diretor da Casa de Semiliberdade, André Rodrigues de Lima atesta a importância do esporte na tentativa de ressocialização desses jovens. Em seu trabalho anterior, na Fazenda Rio Grande, RMC, ele conta que muitos jovens pareciam não ter jeito. Foi quando resolveu iniciar um projeto de corrida.

Um menino não queria participar, dizia que era do crime. No final, acabou tentando e ganhou medalha atrás de medalha. Por isso é essencial (esse tipo de atividade), para resgatar, tirar esses meninos do crime, diz o especialista. Você vê eles jogando rugby, sorrindo… São ainda crianças. E essa é uma ferramenta (de ressocialização), eles veem que estão sendo valorizados, aprendem a seguir regras, conviver em equipe. E isso tudo dá uma alegria muito grande para a gente.

Conheça o projeto
Nome: Vivendo o Rugby
Existe desde: 2007
O que é
Projeto implantado pelo Curitiba Rugby Clube (CRC), entidade sem fins lucrativos fundada em 1983
Alcance
Atende mais de 600 crianças, com atuação em oito escolas municipais e quatro estaduais, além da Casa de Semiliberdade Masculino
Público
Crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos
Objetivo
Difundir o esporte e contribuir para a formação por meio dos valores que o esporte agrega dentro e fora do campo
Reconhecimento
Recebeu o prêmio Spirit of Rugby Award 2014, em Londres, concedido pela International Rugby Board, autoridade máxima do esporte
Como funciona
Os alunos treinam uma vez por semana, durante duas horas, sob a orientação de atletas profissionais capacitados no CRC
Oportunidade
Os alunos que se destacam na modalidade são convidados a participar das equipes oficiais do Curitiba Rugby Clube
Resultado
Em 2015 e 2016, grande parte das jogadoras dos times do CRC campeões brasileiros de Rugby XV e Rugby Sevens feminino eram oriundas do projeto. No ano passado, também o time adulto masculino foi campeão, novamente com grande parte do plantel vindo do projeto.
Contato
Facebook (https://www.facebook.com/VivendoORugby/?ref=br_rs) e Twitter (@VivendoORugby)