SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Diplomatas russos fizeram um plano para tirar Julian Assange do Reino Unido na véspera de Natal de 2017, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (21) pelo jornal britânico The Guardian.

Os russos teriam se reunido com pessoas próximas a Assange para avaliar se seria possível retirá-lo secretamente da embaixada do Equador em Londres, onde ele vive desde 2012. A ideia era levá-lo em um veículo diplomático até outro país, possivelmente a Rússia, segundo o jornal.

O criador do WikiLeaks, de 46 anos, que revelou arquivos secretos do governo americano, refugiou-se em 2012 na embaixada equatoriana em Londres para evitar a extradição para a Suécia, onde foi indiciado por crimes sexuais, que ele nega.

O Reino Unido se recusa a dar a Assange um salvo-conduto para que possa sair da embaixada e ir a outro país; se sair do local, ele pode ser preso e extraditado à Suécia ou aos EUA.

Segundo o Guardian, o plano para tirar o australiano da embaixada incluía que o Equador fornecesse a ele documentos diplomáticos; o Kremlin se dispôs a ajudar na operação, levando-o para viver na Rússia, segundo o jornal. Outra possibilidade seria que ele fosse de barco ao Equador.

Poucos dias antes do dia marcado para o resgate de Assange, o plano foi abortado por ser considerado muito arriscado, diz o jornal.

O governo equatoriano não falou ao Guardian; já a embaixada russa em Londres chamou a reportagem de “fake news” e de desinformação.

Na Rússia vive também Edward Snowden, o americano que vazou informações sigilosas da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) em 2013.

A Justiça sueca arquivou a acusação de estupro, mas um tribunal de Londres rejeitou em fevereiro a anulação do mandado de prisão contra Assange, considerando que o australiano não respeitou as condições de sua liberdade sob fiança.

O governo equatoriano, de Lenín Moreno, quer que Assange saia da embaixada; em março, seu acesso à internet foi cortado e suas visitas foram restritas.

Durante a campanha presidencial nos EUA em 2016, emails da campanha de Hillary Clinton foram vazados dias antes da eleição pelo site WikiLeaks, de Assange. Depois das eleições, a democrata atribuiu em parte ao episódio sua derrota nas urnas.

O Guardian já havia mostrado em reportagem que Assange se reuniu com russos na embaixada durante o ano de 2016.