DETROIT, EUA (FOLHAPRESS) – A edição 2019 do Salão do Automóvel de Detroit, aberta ao público neste sábado (19), encerra uma tradição.


Após mais de cem anos no frio, é a última vez que o evento norte-americano ocorre no inverno. A partir de 2020, a mais tradicional mostra automotiva dos Estados Unidos passa a acontecer no mês de junho, na primavera.


Apesar da mudança, não há saudosismo nos corredores do Cobo Hall, que desde 1965 sedia o salão. A transferência é necessária para tornar Detroit novamente relevante para marcas estrangeiras.


A mostra deste ano tem cara de feira regional: os principais lançamentos fazem sucesso justamente em regiões menos cosmopolitas dos Estados Unidos. São utilitários de grande porte, com tração 4X4 e motores V6 ou V8.


A única estreia confirmada para o Brasil é a da picape RAM 2500, que chega no fim deste ano. Com pouco mais de seis metros de comprimento, precisa de carteira tipo C para ser guiada. É a mesma habilitação exigida para dirigir caminhões.


Mike Manley, presidente global do grupo FCA Fiat Chrysler, que produz a RAM, afirma que a versão 1500, liberada para todos os motoristas, também será vendida no Brasil. Entretanto, isso só irá ocorrer quando o modelo receber um novo V6 a diesel. Hoje, dispõe apenas de motor a gasolina.


Manley falou também dos modelos elétricos, raríssimos no Salão de Detroit. Segundo o executivo, sua empresa não vê motivo para uma corrida desenfreada de lançamentos, embora confirme que a FCA também venderá carros híbridos ou movidos apenas a eletricidade.


Na Ford, a principal atração é o Mustang Shelby GT500, esportivo com mais de 700 cv. O automóvel remete à era de ouro dos “muscle cars” americanos, que esbanjaram potência e gasolina desde o fim da década de 1960 até a primeira grande crise do petróleo, em 1973.


O GT500 faz o Mustang GT vendido no Brasil por R$ 300 mil parecer discreto. Melvin Betancourt, gerente de design da montadora, diz que a grade e o capô remetem aos caças a jato. A logomarca da Shelby -uma serpente pronta para dar o bote- substitui o cavalo corredor na dianteira.


A poucos metros do estande da Ford, a chinesa GAC exibe suas ambições em um espaço tão grande quanto o ocupado por marcas americanas. A empresa confirma sua estreia nos EUA, que acontecerá no início de 2020. O primeiro modelo será o utilitário de luxo GS8.


A montadora chinesa aproveita o espaço nobre deixado por fabricantes alemães: Audi, BMW, Mercedes e Porsche não exibem seus carros no Salão de Detroit. As marcas optaram por apresentar suas novidades na mostra de Los Angeles, em dezembro, ou na feira de tecnologia CES, realizada em Las Vegas no início de janeiro.


É para fugir desses eventos que a mostra de Detroit vai mudar de data. Em junho, há menos concorrência e novas possibilidades, como a utilização do espaço externo para test drives apresentações de carros ao ar livre -algo pouco recomendável em temperaturas abaixo de zero.


*O jornalista viajou a convite da Ford.